domingo, 31 de julho de 2016

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Gran via, Madri - Óleo sobre linho - 65 x 100

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Madri - Óleo sobre linho

Um dos grandes desafios do artista realista contemporâneo é ser realista sem ser excessivamente detalhista. Os novos tempos conclamam por um realismo mais solto, que ainda crie um clima bem natural nas representações, e que permita também o uso de pinceladas audaciosas e paletas com interpretações individualizadas. Assim como muitos artistas dessa geração, Cristóbal Pérez García vem defendendo a pintura realista e nos mostrando que essa vertente artística está mais viva do que nunca. Ele mesmo prefere não se preocupar com rótulos. Faz sua arte, e a ama como tem feito.

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Nos arredores da cidade - Óleo sobre linho

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Estação - Óleo sobre linho

Cristóbal Pérez García nasceu no dia 14 de agosto de 1976, na cidade de Álora, província espanhola de Málaga. Ele se formou em pintura e escultura em Granada, pela Universidade de Málaga, e também completou seus estudos em dois anos muito bem aproveitados como bolsista na Inglaterra e na Itália. Morando atualmente em Murcia, conquistou respeito, popularidade e um público colecionista fiel, graças aos mais de 150 prêmios e títulos que foi colecionando em sua trajetória.

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Bairro de Chelsea, Londres - Óleo sobre linho - 40 x 120

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Antiga Madri
Óleo sobre linho

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Bairro da Santa Maria da Graça - Óleo sobre linho - 89 x 116

Toval, como gosta de assinar em suas pinturas, tem uma preocupação constante na elaboração de seus trabalhos: quer que eles contem uma história e acima de tudo, emocionem a quem possa emprestar um tempo para observá-los. Ele usa e abusa de texturas, respingos, impastos e efeitos diversos, para conseguir o objetivo que tanto deseja. O resultado é uma obra aparentemente simples, mas que causa um forte impacto visual. Cores vibrantes e muito bem dosadas, também criam todo o clima proposto para suas criações.

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Em obras - Óleo sobre linho

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Pescadores na Praia do Conde - Óleo sobre linho - 91 x 122

Dois temas fazem parte constantemente do repertório desse artista: a paisagem urbana e a água. Como ele mesmo gosta de afirmar, o homem se tornou sociável pela necessidade de ficar próximo aos leitos de água e daí surgiram as primeiras civilizações. É praticamente impossível tirar esses dois elementos de suas propostas. Sempre que compõe uma cena urbana, com ou sem figuras humanas, Toval pensa em seus habitantes e tudo que aquilo representado em seu trabalho possa significar a eles. Que história se esconde atrás de cada elemento, os dramas vividos sob cada telhado e os mistérios escondidos em cada esquina... Ele gosta das cenas urbanas com todos os seus elementos, semáforos, carros, pessoas caminhando em todas as direções, sob iluminação dramática ou simples. A rua é o seu melhor estúdio e ele se sente bem ali. E quando os olhos se deixam inspirar pela água, a preocupação é a mesma: observa seu ritmo e deixa que o trabalho aconteça.

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Um balcão no caminho da igreja
Óleo sobre madeira - 146 x 146

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Primeiros dias da Torre da Liberdade
Óleo sobre linho - 81 x 100

Diferentemente do artista convencional, Toval vai pintar em plein air com telas de grandes formatos. Sua habilidade em trabalhar com grandes áreas, num espaço pequeno de tempo, é graças ao uso de materiais alternativos como grandes espátulas e trinchas. São essas saídas que o tornaram famoso em muitos lugares por onde trabalha. Colocar um cavalete em plena Gran Via, em Madri, e realizar um grande trabalho em apenas duas horas tornou-se uma atividade corriqueira para ele. Assim também faz em Nova York, Veneza e Londres.

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Arrebentação - Óleo sobre linho - 147 x 147

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Jardim
Óleo sobre linho - 89 x 116

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Vista da cidade - Óleo sobre linho

Na visão de Toval, todo artista pode ter algo a contribuir. Ele se esforça em fazer a sua parte. Para ele, os aprendizados na escola e os ensinamentos acolhidos na observação de cada trabalho de outro artista que encontra, não teriam o menor valor se estes não passassem pelo filtro da interpretação pessoal que forma o seu trabalho. As referências são importantes, mas é a visão própria que dará autenticidade e respeito pela sua proposta.

Se os tempos inspiram novos desafios, Toval é um artista que não tem medo deles.

CRISTÓBAL PÉREZ GARCÍA - Manhã em Boloña
Óleo sobre linho - 73 x 146


PARA SABER MAIS:



domingo, 24 de julho de 2016

GENNADIY KIRICHENKO

GENNADIY KIRICHENKO - O antigo leito do Donets - Óleo sobre tela - 50 x 95

GENNADIY KIRICHENKO - Paisagem com vacas - Óleo sobre tela - 60 x 100

É muito gratificante, ver a arte realista voltando à cena dos mercados de arte e os diversos artistas contemporâneos dessa modalidade serem valorizados com seus trabalhos. As décadas pós-guerra do século passado viram uma efervescência da arte moderna, concretista e em especial a não figurativa. As grandes galerias e casas de leilões quem ditavam as normas e definiam qual artista deveria vir a cena. Os anos finais da década de 1990 permitiram o surgir da internet e com esse advento, o cenário artístico sofreu uma grande transformação. A partir daí, foi permitido ao próprio artista estar em contato direto com o grande público, sem a necessidade do atravessador que antes o promovia. Muitos artistas que ainda produziam arte figurativa, em especial arte realista, e que já não tinham mais espaço nas casas oficiais de venda de arte, encontraram na rede mundial de comunicação um aliado sem par. Não é de estranhar, que nesses primeiros anos desse novo século, vários artistas realistas voltaram a realizar boas vendas, sendo inclusive novamente resgatados pelas casas de arte que antes os rejeitavam. Gennadiy Kirichenko se encaixa nesse perfil de artista, prestigiado por essa nova oportunidade.

GENNADIY KIRICHENKO - Árvores no outono - Óleo sobre tela - 100 x 160

GENNADIY KIRICHENKO - Manhã no rio - Óleo sobre tela - 60 x 80

Gennadiy Kirichenko nasceu a 16 de maio de 1968, em Lugansk, na Ucrânia. Vindo de uma família simples, seu pai era motorista e a mãe uma confeiteira, que sempre ajudou nas despesas da família. Sempre interessado pela arte desde novo, Kirichenko se mostrou bastante criativo, mesmo com os poucos recursos no seu início de estudos. Brincava com os lápis e se divertia com os primeiros experimentos de aquarela, a técnica alternativa que lhe permitiu experimentar novos efeitos em seus desenhos.

GENNADIY KIRICHENKO - Beira-mar, Alupka - Óleo sobre tela - 55 x 85

GENNADIY KIRICHENKO - Uma curva de rio - Óleo sobre tela - 55 x 90

Durante um passeio de fim de semana, em um parque de sua cidade, viu artistas trabalhando em plein air, e se impressionou com a capacidade de tinham de registrar em seus apontamentos, com tamanha precisão, os vários detalhes daquilo que viam. Não saiu de sua memória, as cascas de árvores retratadas fielmente por alguns deles. Enquanto muitos pais encaminhavam seus filhos para colônias de férias recreativas, Kirichenko gostava que eles o permitissem aproveitar os momentos de folgas escolares em pequenos cursos de arte, que surgiam nessas ocasiões. Esses foram seus primeiros ensinamentos oficiais na arte.

GENNADIY KIRICHENKO - Natureza morta com cerejas - Óleo sobre tela - 75 x 95

GENNADIY KIRICHENKO - Um bouquet de lilazes - Óleo sobre tela - 95 x 100

GENNADIY KIRICHENKO - Peônias no jardim - Óleo sobre tela - 70 x 100

Não conformado com os limites que os ensinos regionais lhe permitiam, Kirichenko foi buscar mais respostas para suas dúvidas e elas vieram primeiro pela Voroshilovgrad Art School, onde permaneceu entre os anos de 1983 e 1987. O serviço militar obrigatório o manteria afastado dessa sua proposta pelos próximos dois anos de sua vida. Assim que prestou esses serviços, tentou entrar no Instituto Têxtil de Kosygin, em Moscou, onde pretendia se tornar um designer. Infelizmente ele não conseguiu.

GENNADIY KIRICHENKO - Clareira - Óleo sobre tela - 60 x 80

GENNADIY KIRICHENKO - Dia de primavera - Óleo sobre tela - 75 x 100

A década de 1990 foi especialmente difícil para as repúblicas soviéticas. A dissolução do mundo socialista, com a queda do Muro de Berlim, em 1991, afetou todos os países do leste. Não era diferente na Ucrânia. O empobrecimento das repúblicas que compunham a União Soviética se agravou ainda mais, até que em dezembro de 1991, a separação de todas as repúblicas tornou-se inevitável. Kirichenko se via lançado no mercado de trabalho exatamente nessa época. Para sobreviver, fazia trabalhos temporários para algumas agências e chegou mesmo a trabalhar como mineiro. Mas, em todos os momentos livres que possuía, lá estava ele a se exercitar com seus pincéis.

GENNADIY KIRICHENKO - Manhã de junho - Óleo sobre tela - 60 x 80

GENNADIY KIRICHENKO - Na costa de Aydar - Óleo sobre tela - 60 x 80

Em 1996, ele tornou-se membro da União Criativa dos Artesãos de Lugansk. Aquela parceria começou a divulgar o seu trabalho, que o auxiliou e muito, principalmente quando ficou desempregado. Kirichenko tinha um foco e não abria mão dele: especializar cada vez mais na arte realista. Começou a praticar em plein air e isso foi um novo impulso a continuar em sua proposta. Estava cada vez mais convencido de que era preciso dominar a sua paleta, ser preciso nas composições tonais e dar ao seu trabalho a coesão e o domínio de que eram necessários para alçar voos em uma carreira mais abrangente.

GENNADIY KIRICHENKO - Paisagem com rio - Óleo sobre tela - 60 x 80


A parceria com duas importantes instituições, a Creative Artists Union of Russia e a International Federation of Artists abriram ainda mais as suas portas. No ano de 2006, ele firmou contratos com duas importantes galerias divulgadoras da arte russa no ocidente, a Gallery Globe, de Kiev e a Gallery Russia, com serviços nos Estados Unidos. Mas, é a divulgação via internet, de um público cada vez mais diversificado, que tem permitido o conhecimento de seu trabalho em diversas partes do mundo.


PARA SABER MAIS:



domingo, 17 de julho de 2016

LOUIS GURLITT

LOUIS GURLITT - Paisagem próxima a Silkeborg, Jutlândia, Dinamarca
Óleo sobre tela - 46,5 x 63 - 1840

LOUIS GURLITT - Vista do Lago Garda - Óleo sobre tela - 44,5 x 66,5 - 1879

Amante da natureza, Louis Gurlitt foi um pintor dinamarquês, que se naturalizou alemão em idade mais avançada. Filho de Johann August Wilhelm Gurlitt e Helene Eberstein, foi criado numa numerosa família, juntamente com mais 17 irmãos. Foram tempos difíceis, num período conturbado da história de sua região. Os filhos foram criados praticamente na pobreza e se não fosse o auxílio de vários conhecidos, muitas das crianças da família não teriam sequer se alfabetizado. Pela disciplina e vontade de se superarem, tornaram bem sucedidos em anos posteriores.

LOUIS GURLITT - Litoral italiano - Óleo sobre tela - 1844

LOUIS GURLITT - Cena costeira da Albânia
Óleo sobre tela - 34,5 x 26 - 1844

Heinrich Louis Theodor Gurlitt nasceu na cidade dinamarquesa de Altona, a 8 de março de 1812. Altona era uma das maiores cidades dinamarquesas da época, que tinha, entre outras vantagens, privilégios reais, inclusive a liberdade de religião, coisa não permitida em muitas partes do país. Mas, também era um local de vida difícil para os menos abastados e, sempre havia a solidariedade de alguns com posição social mais confortável. Günther Gensler, um amigo da família, quem incentivou o jovem Louis Gurlitt a evoluir em seus estudos na arte. Foi ele quem levou o ainda jovem para a cidade de Hamburgo e financiou seus custos, para que concluísse seus estudos primários, coisa que realizou em 1826.

LOUIS GURLITT - Cachoeira da Noruega - Óleo sobre tela - 1835

LOUIS GURLITT - Paisagem italiana com casas e oliveiras
Óleo sobre tela - 43 x 58

LOUIS GURLITT - Paisagem em Silkeborg - Óleo sobre tela - 31,5 x 46 - 1833

Precoce nos desenhos e descoberto pelo olhar atento de Gensler, Gurlitt foi encaminhado para os estúdios de Siegfried Detlev Bendixen, onde ficou entre os anos de 1828 e 1832. Após os aprendizados básicos ali, foi encaminhado para a Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes, onde passou dois anos sob os ensinamentos de Christoffer Wilhelm Eckersberg e Johan Ludwig Gebhard Lund, quem desenvolveram em Gurlitt o gosto pela pintura de paisagens. A Dinamarca, aliás, sempre deu ao mundo vários artistas nessa temática. O século XIX teria muitos paisagistas dinamarqueses famosos.

LOUIS GURLITT - Colinas da Albânia - Óleo sobre tela - 83,5 x 107 - 1850

LOUIS GURLITT - Estudo da Pedra George, Sorrento
Óleo sobre papel colado em tela -39,6 x 25,6 - 1843

Do ponto de vista pessoal, Gurlitt teria uma vida conturbada, à partir da segunda metade da década de 1830. Em 1837, ele casou-se com Elise Saxild, mas perdeu a esposa precocemente, com incompletos dois anos de matrimônio. Então, casou-se novamente, em 1839, com Julie Bürger, com quem teve inclusive um filho. Mas, ela também faleceu poucos anos depois, em 1844. Inconformado, encontrou auxílio de amigos e parentes e se restabeleceu, conhecendo uma nova jovem e se casando com ela, em 1847. Os anos de paz retornaram a sua vida e Gurlitt finalmente se refugiou em Berlim, a partir daí. Ele teria sete filhos desse último casamento.

LOUIS GURLITT - Paisagem da Noruega - Óleo sobre tela - 75,5 x 89 - 1836

LOUIS GURLITT - Paisagem em SeEufer
Óleo sobre tela - 33,5 X 51,3 - 1866

LOUIS GURLITT - Uma vista de Capri - Óleo sobre tela - 1844

Gurlitt passaria temporadas entre a Áustria e a Alemanha, fazendo o que mais gostava: estudos de paisagens, seja ao ar livre ou em seus estúdios. Começou a conquistar gradativamente um público especializado, tendo inclusive algumas de suas obras adquiridas pela coleção real. Mesmo nos anos mais difíceis de sua vida, não desistia de sua pintura. Em 1842, no auge dos seus problemas pessoais, e tendo o país envolto por um profundo clima de guerra, ele ainda encontrou tempo para ir estudar um pouco mais com mestres que admirava, passando uma temporada em Düsseldorf, nos estúdios de Andreas Achenbach e Carl Ferdinand Sohn. Anos mais tarde, sob a indicação desses artistas, viajou por quase todos os países europeus, sempre pintando o que o via de mais agradável. Assumidamente, a Itália tinha as suas paisagens preferidas. Gostava da luz que não via no resto do continente, e das cores e volumes que só encontrava ali.

LOUIS GURLITT - Vista da Baía de Palermo - Óleo sobre tela - 58 x 87

LOUIS GURLITT - Velhas árvores em Holstein
Óleo sobre papel montado em painel - 25,9 x 35,9

LOUIS GURLITT - Paisagem italiana - Óleo sobre tela - 62 x 76 - 1846

A partir de 1851, Gurlitt viveu um bom período em Viena, e participaria de várias exposições por lá, em especial a Wiener Kunstverein, que lhe abriu novas portas. Desde 1832, ele era o presidente da Associação de Artes de Hamburgo, cargo que ocupou até 1855. A convite do Duque de Gotha, Ernst II, Gurlitt montou um estúdio no Castelo Mönchshof, em 1860. Foram quatorze anos trabalhando ali, propiciando um dos períodos mais criativos e produtivos de sua vida, sempre alternando saídas a campo e períodos introspectivos em seu ateliê. Logo que deixou o local, morou também um tempo em Dresden e Plauen, até se estabelecer definitivamente em Berlim.

LOUIS GURLITT - Uma vila nas montanhas - Óleo sobre papel montado em tela - 27,9 x 39,2

LOUIS GURLITT - Paisagem no Tirol
Óleo sobre tela - 38 x 53 - 1838

LOUIS GURLITT - Vista do Lago Albufera - Óleo sobre tela -

Do ponto de vista técnico, os trabalhos de Gurlitt sempre tiveram uma pincelada espontânea, como o prenúncio para influências impressionistas, que aconteceriam décadas mais tarde. Ele gostava de captar as luzes e formas, sem um compromisso muito realístico, quando saía para trabalhos de campo. Depois, em seu estúdio, as obras ganhavam mais detalhes, sem no entanto, perderem o clima captado em plein air. Passou a vida fazendo o que mais gostava e admirava de ter conquistado tudo isso com muito esforço e dedicação. Seus irmãos também se tornaram vencedores em suas carreiras e os filhos de Gurlitt também se tornaram notáveis em suas profissões.
Louis Gurlitt faleceu em Naundorf, a 19 de novembro de 1897.

Louis Gurlitt, num monograma de sua época.