domingo, 28 de fevereiro de 2016

BRENT COTTON

BRENT COTTON - Gilded Dawn - Óleo sobre linho - 81,2 x 101,6

BRENT COTTON - Tudo para mim - Óleo sobre linho - 121,9 x 152,4

Conheci os trabalhos de Brent Cotton através do amigo Michael Reid. Moradores do estado de Montana, nos Estados Unidos, logo se entende a paixão dos dois pela paisagem selvagem e por tudo que inspire a paz e o sossego do interior. É uma região realmente fantástica. Além da temática dos trabalhos de Brent Cotton, que muito me atrai, chama a atenção a sua técnica peculiar: os trabalhos são realizados quase que em sua íntegra com espátula. Nos tempos atuais, são exclusivamente realizados com ela.

BRENT COTTON - Luz do sol e sombras - Óleo sobre linho - 50,8 x 76,2

BRENT COTTON - Pescando na primavera - Óleo sobre linho - 20,3 x 25,4

Brent Cotton nasceu em 1972, na cidade de Blackfoot, no estado de Idaho. A vocação para a vida no campo seria uma aptidão nata, uma vez que passou sua infância em uma fazenda de gados. Não é de se estranhar que seus primeiros exercícios tenham sido a rotina dos vaqueiros e a vida livre dos cavalos, que via por todos os lugares que estava. As primeiras lições de arte foram passadas pela sua avó, uma talentosa aquarelista, que muito incentivou nessa fase.

BRENT COTTON - Crystal clear - Óleo sobre linho - 101,6 x 152,4

BRENT COTTON - Um lugar no meu coração
Óleo sobre linho - 40,6 x 50,8

BRENT COTTON - O paraíso dos pescadores - Óleo sobre linho - 45,7 x 81,2

Lindsborg é uma cidade do Kansas, para onde Cotton mudou com sua família, quando ele cursaria a 5ª série. O ambiente era mais que propício para as artes. Com influência de culturas suecas, Cotton viu seu interesse e progresso no campo artístico desenvolverem rapidamente. Após sua formatura, ele passou longas temporadas nos interiores de Idaho e Alaska, absorvendo muitas ideias que viriam influenciar a escolha de sua temática nos seus trabalhos futuros. Mesmo que tenha iniciado pela arte com entalhamento de animais selvagens, decidiu dedicar exclusivamente à pintura, atividade que iria ganhar um grande impulso através de oficinas e cursos que participou.

BRENT COTTON - Manhã no Missouri - Óleo sobre linho - 91,4 x 111,7

BRENT COTTON - Tarde quente de outono - Óleo sobre painel - 81,2 x 101,6

Em 1997, ele teve a honra de fazer parte de um pequeno grupo que estudou diretamente com um dos mais respeitados artistas da vida selvagem americana, Howard Terpning. Foi também com a artista Christine Verner, de Oklahoma, que seu trabalho ganharia uma nova dimensão, abandonando o detalhamento excessivo e concentrando-se numa abordagem mais pictórica, que o acompanha até sua fase atual.

BRENT COTTON - Tarde em Terrace Lake - Óleo sobre linho - 61 x 81,2

Atualmente, o trabalho de Brent Cotton tem uma grande influência do Tonalismo, um estilo que surgiu nos Estados Unidos, na década de 1880. Derivado da Escola de Barbizon, e tendo como maiores expoentes os artistas George Inness e McNeill Whistler, esse estilo é caracterizado por pinturas atmosféricas, geralmente com um tom predominante, quase monocromáticas, que se preocupa muito mais com a emoção captada do que necessariamente reproduzir com fidelidade o tema retratado.

BRENT COTTON - Uma tarde em East Fork - Óleo sobre linho - 30,4 x 40,6

BRENT COTTON - Músicas do verão - Óleo sobre linho - 81,2 x 101,6

Sempre que possível, Cotton sai a trabalhar ao ar livre, que, segundo ele próprio, é o melhor exercício para “treinar” os olhos, filtrando o que há de desnecessário na informação e focando nos elementos principais. Amante incondicional da natureza, não perde a oportunidade de estar próximo a um córrego tranquilo qualquer, seja pintando ou pescando, outra atividade que muito inspira em suas composições. Se não está em seu estúdio, está em qualquer beira de rio mais próxima. Ele afirmou uma vez que, no Vale do Rio Bitteroot, “jamais vai ficar sem material para pintura”.

BRENT COTTON - Poder e luz - Óleo sobre tela - 81,2 x 101,6


O resultado de toda sua carreira está nos muitos elogios, não apenas de colecionadores e apaixonados por arte, mas também por parte de muitos profissionais do ramo. Brent Cotton é matéria nas mais renomadas revistas de arte e artigos especializados no assunto. A mesma centelha que o inspira a produzir obras cada vez mais introspectivas e dramáticas, também é a mesma que continua a aprisionar admiradores e espectadores em todo o mundo. Uma prova de que a arte continua sendo essa magia que seduz, independente de tempo e lugar.

BRENT COTTON - março de 2014

PARA SABER MAIS:



domingo, 21 de fevereiro de 2016

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Em Nesttal, Canton Glarus
Óleo sobre papel colado em tela - 36 x 46 - 1873

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN
Cachoeira em Hochgebirge
Óleo sobre tela - 65 x 54,5 - 1855

É de opinião quase unânime que a Suíça tenha uma das paisagens mais belas do mundo. Vales, montanhas, lagos, cachoeiras, rios de águas límpidas... Se tudo isso já salta aos olhos de qualquer cidadão que nasça ou passe por lá, imagine ao olhar atento e minucioso de um artista?... Não é por coincidência que a escola paisagística de pintura encontrou em solo suíço um dos locais com grande número de artistas dedicados a ela. Johann Gottfried Steffan foi mais um dos muitos artistas encantados pela rica paisagem daquele país.

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Em montanhas dos Alpes
Óleo sobre tela - 110 x 150 - 1898

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Corredeiras
Óleo sobre tela - 99 x 83 - 1873

Gottfried nasceu ali mesmo, na Suíça, na cidade de Wädenswil, a 13 de dezembro de 1815. É bom que se diga logo de início que ele foi um dos mais importantes paisagistas suíços do século XIX.

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Manhã no vale
Óleo sobre tela - 56 x 67 - 1863

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - St Galler Alpen - Óleo sobre tela - 99 x 128 - 1878

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Uma estrada na floresta
Óleo sobre tela - 45,5 x 59,5 - 1855

Gottfried completou seus estudos como um litógrafo na cidade onde nasceu. Para aperfeiçoar seus estudos, ele se mudou para Munique em 1833, a fim de estudar pintura na Academia. Foram os afrescos de paisagens italianas, nas arcadas do jardim do pátio, executados naquele período por Carl Rottmann, que despertaram no jovem Gottfried o interesse pelo estudo de paisagens.


JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Vale de Bramois
Óleo sobre tela - 36 x 44,5 - 1861

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Correnteza em Löntschbach
Óleo sobre tela - 80 x 67,5 - 1885

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Geleira em Dachstein
Óleo sobre tela - 102 x 151 - 1851

De 1840 em diante, ele decidiu se concentrar definitivamente no estudo de paisagens. A fim de ampliar seu leque de temas paisagísticos, ele viajou para o norte da Itália em 1845 e também para Paris, em 1855. Mas, eram as paisagens de seu país natal que não lhe saíam da cabeça. Assim, mesmo estudando e morando fora da Suíça, ele fazia frequentes viagens para lá, com o objetivo de estudar ao vivo todos os cantos do país. Era ali, que ele se sentia particularmente atraído pelo cenário contrastante de lagos e montanhas. Juntamente com vários colegas, entre estes Rudolf Koller, ele fez várias viagens de estudo para os Alpes Suíços , especialmente ao cantão de Glarus e Lake Walen . Mais tarde, ele se tornou bastante frequente na região de Berchtesgaden e Ramsau, onde encontrou muitos de seus motivos.

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Estudo de correnteza
Lápis e sanguínea sobre papel - 29 x 45

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Um pastor reunindo o rebanho antes da tempestade
Óleo sobre tela - 52,5 x 64 - 1859

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Wildbach
Óleo sobre tela - 57 x 81 - 1851

Embora Gottfried tenha se influenciado e muito pelo trabalho de Carl Rottmann, em seu início de carreira, ele passou a absorver elementos de tendências prevalecentes no Naturalismo Romântico, algo muito em voga entre os paisagistas daquela época. Essas tendências foram mais dominantes nos círculos artísticos suíços, através de artistas como Alexandre Calame e seus seguidores, do que em Munique, o centro de referência para estudos de paisagens daquela época. Essa escolha naturalista pela pintura de paisagens gerava um grande entusiasmo ao público, especialmente aos moradores das regiões alpinas, que encontravam nos quadros uma representação pitoresca e sentimental de tudo aquilo que viam. Graças a isso, pintores como Gottfried se tornaram muito requisitados por parte de colecionadores particulares e também dos museus locais. Se naquela época, as grandes telas eram as mais solicitadas e disputadas, o mesmo não ocorre na atualidade, onde os estudos realizados em plein air, muito mais vigorosos e naturais, são disputados lance a lance.

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Estudo de paisagem - Óleo sobre painel

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Estudo de nuvens - Óleo sobre tela - 26 x 35,5 - 1860

Gottfried deixou um grande legado de trabalhos, cerca de 500 pinturas acabadas. A maioria tem como temática principal a topografia alpina e toda a sua exuberância de volumes e cores. No entanto, seus estudos realizados em plein air, só foram mostrados publicamente depois de sua morte, quando eles lhe deram o devido reconhecimento, mesmo que com longo atraso. A maioria deles foi adquirida por colecionadores, rapidamente. Se nas décadas entre 1840 e 1860, seus estudos de campo se mostravam mais leves e com a aplicação das pinceladas em delicadas transparências, após essa fase, eles se tornaram com pinceladas de empasto mais pesado e mais espontâneas, sempre concluídos com rapidez no próprio local. Ele jamais considerava seus estudos como obras acabadas e sim, como modelos diretos para as obras de ateliê. Certamente por isso, tenham demorado tanto vir a público.

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Bernese Oberland
Óleo sobre tela - 45 x 35 - 1865

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Uma cena de Ramsau - Óleo sobre tela - 1874

JOHANN GOTTFRIED STEFFAN - Paisagem com dois cervos
Óleo sobre tela - 54,5 x 43,5

Johann Gottfried Steffan faleceu em Munique, na Alemanha, a 16 de junho de 1905.

Artista muito disciplinado e organizado, Gottfried compilou um catálogo de todas as suas obras, escrito à mão, listando inclusive todos os seus estudos, a maioria dos quais permaneceram sem assinatura e sem data. Foram essas anotações, que tornaram possível a publicação de um catálogo raisonné, em 2009, sob a organização de Eva Sandor-Schneebeli.

O artista em seu estúdio.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

DAVIS CONE

DAVIS CONE - Civic, dias finais - Acrílica sobre tela - 39,3 x 70,4 - 2001

DAVIS CONE - Civic, últimas luzes - Acrílica sobre tela - 41,9 x 67,3 - 2000

Enquanto na fotografia, o acaso pode ser um dos maiores colaboradores para um bom clic, numa obra foto-realista o acidente é a última coisa a colaborar para o resultado final do trabalho. Tudo num trabalho foto-realista é milimetricamente estudado, todos os ângulos escolhidos e refeitos, para que o resultado surpreenda pela veracidade e convença que se trata de algo realmente quase fotográfico. Também conhecido como Super-realismo, Novo Realismo ou Hiper-realismo, esse gênero artístico abrange não somente a pintura, mas também o desenho e outros meios gráficos. Usando uma ou mais fotografias como referência, o artista foto-realista tenta reproduzir a imagem tão realista quanto possível em um outro meio, e se faz de diversos aparatos mecânicos que o auxiliam nessa proposta. O termo foto-realista foi usado pela primeira vez em 1969, por Louis K. Meisel, para uma série de trabalhos que já vinham sido desenvolvidos por artistas norte-americanos desde os anos de 1960 e que se expandiu por toda a década de 1970.

DAVIS CONE - Desplaines sob luz laranja - Acrílica sobre tela - 33,6 x 53,3 - 2000

DAVIS CONE - Rio, show cancelado - Acrílica sobre tela - 61 x 61 - 2013

DAVIS CONE - Duas garotas em Fremontwith - Acrílica sobre tela - 114,8 x 118,1 - 2006

Mesmo não tendo feito parte da primeira geração original de artistas foto-realistas, Davis Cone tornou-se um posterior adepto do movimento e é considerado por muitos entendidos do assunto, como um dos melhores representantes desse gênero na atualidade. Cone nasceu na cidade de Augusta, no estado da Geórgia, em 1950 e em 1972, obteve seu diploma de Bacharel em Artes na Universidade de Mercer, em Macon, também no mesmo estado onde nasceu. Ampliou seus estudos na Universidade da Geórgia, em Athens.

DAVIS CONE - Cass - Acrílica sobre tela - 58,4 x 106,6 - 1993

DAVIS CONE - Bad Axe - Acrílica sobre tela - 35,5 x 47,6 - 2000

DAVIS CONE - County - Acrílica sobre tela - 47,6 x 38,6

Envolvido com a arte foto-realista desde o início de sua carreira, Cone voltou seu olhar exclusivamente para uma temática que viria a tornar o carro-chefe de suas obras: antigos cinemas e casas de teatro de diversas cidades dos Estados Unidos. Seu olhar quase obsessivo sobre esse tipo de tema, quer mostrar a paixão do povo americano por uma de suas maiores riquezas, o cinema. Ele também lança um olhar saudosista sobre um tempo que se foi, eternizado ainda nas poucas casas em estilo Deco, que insistem em sobreviver pelo país. Cada obra sua é um convite às memórias distantes e esquecidas. Essa foi a sua maneira de contribuir para que elas nunca se estingam. Ele já faz isso há mais de 30 anos, aliando técnica, emoção e registro histórico.

DAVIS CONE - Imperial - Acrílica sobre tela - 86,3 x 121,9 - 1977

DAVIS CONE - Cozy, dia de chuva - Acrílica sobre tela - 73 x 122,4 - 2003

DAVIS CONE - Heart, noturno com luar - Acrílica sobre tela - 91,4 x 150,4 - 2007 a 2008

O processo de execução para suas obras é quase sempre o mesmo. Durante vários dias, fotografa exaustivamente o tema que escolheu. Posicionando estrategicamente em frente a um edifício antigo de cinema ou teatro, registra seus olhares durante o amanhecer, entardecer e anoitecer. De posse das imagens que capturou, vai selecionando os melhores ângulos e os melhores momentos, até que a composição final esteja definida. É um minucioso trabalho de paciência e domínio técnico, mesmo que muitos recursos mecânicos possam contribuir para a elaboração do mesmo.

DAVIS CONE - The Movies, Hellertown - Acrílica sobre tela - 29,2 x 48,2 - 1999

DAVIS CONE - Lane, wintry morning - Acrílica sobre tela - 36,8 x 55,2 - 2000

DAVIS CONE - El Rey - Acrílica sobre tela - 76,2 x 121,9 - Entre 2008 e 2009

A primeira exposição individual de Davis Cone ocorreu em Nova York, no ano de 1979, embora tenha participado de algumas coletivas antes desse período. Desde então, tornou-se um artista requisitado em galerias e exposições, com obras adquiridas para importantes coleções públicas e particulares. Em importantes locais públicos podem ser admiradas suas obras: High Museum of Art, em Atlanta, Galeria de Arte da Universidade de Yale, em New Haven, no Museu de Arte de Nova Orleans e no Museu de Arte de Morris, em Augusta.
Ele atualmente vive e trabalha em Los Angeles, na Califórnia.


PARA SABER MAIS:





sábado, 6 de fevereiro de 2016

MESTRE VITALINO

MESTRE VITALINO - Engraxate - Barro cozido - 15 x 20 x 9,5

Mestre Vitalino é o único artista brasileiro a ter uma série de trabalhos pertencente ao acervo permanente do Museu do Louvre, em Paris. Um fato, que por si só, enriquece qualquer currículo. Há uma linha tênue que separa artista de artesão. Recentemente, classificou-se o segundo como aquele que produz objetos da cultura popular. Nesse ponto, a obra de Mestre Vitalino realmente pode ser classificada como artesanato. Mas, a leveza e limpeza de suas linhas, a espontaneidade e carisma de suas imagens modeladas em argila, fazem dele um artista de respeito no cenário artístico atual. Prova de que suas peças continuam sendo procuradas em leilões por todo o país.

MESTRE VITALINO - Cena de casamento
Barro cozido e policromado - 22 x 20 - 18 - Década de 1950

Vitalino Pereira dos Santos nasceu nas cercanias da cidade de Caruaru, no dia 10 de julho de 1909. Filho de lavradores, herdou o gosto pelos trabalhos em argila de sua mãe, Dona Joseja, que, além de lavradora era louceira. Aos oito anos de idade, criava bonecos de barro para sua diversão, usando as sobras de argila das peças de sua mãe. O que era apenas brincadeira, acabou se transformando em sua profissão de adulto. A cultura e o folclore do povo nordestino foram sendo narrados em cada peça que compunha, com tanta naturalidade, que a sua fama logo se espalhou.

MESTRE VITALINO - Casa de farinha - Barro cozido - 12,5 x 29,5 - Década de 1950

MESTRE VITALINO - O sapateiro - Barro cozido - 13,5 x 11,5 x 16,5

Foi apenas em 1947, que o trabalho de Mestre Vitalino ganharia maior respeito e reconhecimento na Região Sudeste quando, a convite do artista plástico Augusto Rodrigues, participou da Exposição de Cerâmica Popular Pernambucana, realizada no Rio de Janeiro. Com uma boa aceitação por parte de todos que visitaram a mostra, o artista foi convidado para mais uma mostra, agora em São Paulo, no MASP, no ano de 1949. O reconhecimento a nível mundial viria na Exposição de Arte Primitiva e Moderna Brasileiras, realizada em Neuchâtel, na Suíça, no ano de 1955.

MESTRE VITALINO - Gabinete do delegado - Barro cozido - 15,5 x 14,5 x 12

MESTRE VITALINO - Burrico - Barro cozido e pintado - 21 x 27 - 6

Pode-se dizer que a trajetória de vida de Mestre Vitalino é muito parecida com a de milhares de nordestinos: pobre, não conseguiu se alfabetizar, porque tinha que ajudar seus pais na lavoura. Era um cidadão comum na região:  baixo e franzino, cor parda, pele áspera e queimada ao sol. Casou-se aos 22 anos de idade com Joana Maria da Conceição. Dos 16 filhos do casal, apenas 6 sobreviveram. Após 17 anos de casamento deixou o sítio Campos e se mudou para o Alto do Moura, comunidade localizada a 7 Km de Caruaru, onde passou o resto de sua vida. No Alto do Moura sua obra passou a ter mais destaque, ele era muito admirado pelos demais moradores do lugar. Todos queriam ver de perto seu trabalho e aprender com ele como manipular a argila. Vitalino se orgulhava de sua profissão e não tinha receio de ensinar o que sabia a todos os moradores do local. Dos cerca de 130 temas que criou sobre a realidade nordestina, todos foram ensinados a seus seguidores. Daí o título popular de “mestre”.
Depois de um período de glórias e viagens para exposições em várias partes do Brasil, ele se refugiou em sua casa, no Alto do Moura, mas não viveria muito tempo. Vítima de varíola, que não pôde ser cuidada a tempo, o artista faleceu a 20 de janeiro de 1963.

                        
Esquerda: MESTRE VITALINO - Homem com garrucha - Barro cozido e pintado - 25,6 x 9,5 x 14,5
Direita: MESTRE VITALINO - Sanfoneiro - Barro cozido - 15 x 7 x 9


A fama de Mestre Vitalino transcendeu a sua morte e sua biografia já inspirou o samba-enredo da Império da Tijuca em duas épocas, em 1977 e 2012. A casa onde viveu uma boa parte de sua vida, no Alto do Moura, abriga atualmente as instalações da Casa Museu Mestre Vitalino e em seu entorno foram criadas várias oficinas de artesãos. Graças a ele, a feira de artesanato de Caruaru é um dos principais pontos turísticos da região. Além do Museu do Louvre, citado no início da matéria, suas obras podem ser apreciadas também No Museu Casa do Pontal e Museu Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, além do Acervo Museológico da Universidade de Pernambuco, no Recife e na Casa Museu Mestre Vitalino. Grande parte de seu trabalho está espalhada em várias coleções particulares de diversas partes do mundo.