quarta-feira, 29 de abril de 2015

UM TEMPO PARA PLEIN AIR



O outono ainda não deu as caras por aqui. As chuvas atrasadas de verão continuam espalhando um tapete verde pelos pastos e montanhas, para nossa felicidade. Estávamos todos precisando muito delas! A natureza e seus ritmos sábios... Para quem pinta em plein air, sabe como é grande o desafio de uma paisagem com coloração típica de verão. Muitos verdes e gamas de cores muito limitadas.
Mesmo assim, decidimos tirar o dia de hoje para uma sessão em plein air, ainda que a paisagem não tenha ficado com as cores da minha estação favorita. O outono sempre foi a minha estação predileta para pintar, mas vou ter que adiar o encontro com ele nesse ano. Não importa! Mais vale um dia garantido de aprendizado do que a espera incerta da oportunidade perfeita.


JOSÉ ROSÁRIO - Velhas gameleiras - Óleo sobre painel - 20 x 30 - 2015

José Ricardo veio de João Monlevade e saímos logo pela manhã. O tempo, logo no início, estava um pouco nublado, muito ocasionalmente o sol fazia presença.
Pintar em plein air não é apenas um exercício técnico de pintura. Há algo mais na prática de pintar ao ar livre. Ali, diante do cavalete, a pintura toma um outro universo. Os sons dos pássaros, a brisa com seus tantos aromas, o calor do sol... É como se você entrasse na obra! Somente praticando para sentir todos os seus benefícios.

Pintando em Brejaúba, com a supervisão de William Boaventura.


Com os amigos Wesley Carvalho, José Ricardo e William Boaventura.


Pela tarde, fomos até a localidade de Brejaúba, nas futuras instalações da Pousada do William Boaventura, que nos recebeu com pompas impagáveis. Mais uma rápida sessão com pequenos e simples apontamentos à beira de um dos lagos da propriedade. Tempo de uma boa conversa com os amigos, um cafezinho debaixo da mangueira e muitas laranjas ao final da tarde. Um dia feliz não precisa ser necessariamente raro!

Agradecimentos especiais a William Boaventura, pela cordialidade de sempre.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

HOWARD TERPNING

HOWARD TERPNING - Narrando as lendas - Óleo sobre tela - 81,3 x 132 - 1989

HOWARD TERPNING - O escudo do marido
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2 - 1981

Quando a obra Narrando as Lendas (acima), do artista norte-americano Howard Terpning, atingiu em 2013, o valor de 1 milhão e 700 mil dólares, em um dos leilões realizados pela The Coeur d’Alene Art Auction, consagrou-se a carreira de um dos artistas mais respeitados do oeste americano. Naquele mesmo leilão, um outro trabalho, O Escudo do Marido (acima), também ultrapassaria a casa de 1 milhão de dólares. Não era novidade! Em 2006, trabalhos seus também ultrapassaram a cifra de 1 milhão, na mesma casa de leilões. São valores significativos, por se tratar de um artista ainda vivo, com temática bem regionalista e trabalho com características bem realistas. Terpning é uma das figuras mais esperadas em todos os leilões realizados no oeste americano.

HOWARD TERPNING - Arquitetos da planície - Óleo sobre tela - 35,56 x 50,8 - 1982

HOWARD TERPNING - Os retardatários - Óleo sobre tela - 96,5 x 152,4 - 1993

Não é exagero afirmar que Howard Terpning se trata de um dos pintores mais elogiados da arte ocidental. Méritos adquiridos por uma carreira marcada com uma dedicação extrema a um tema, que soube, como poucos, expressar com tanto amor e respeito. A maneira como nos apresenta suas composições e a entrega com que se dedica a elas, sugere que não apenas pinta, mas, vai nos contando a história do índio americano e sua trajetória, ressuscitando o passado ou mesmo nos expondo o presente de remanescentes daqueles povos. Sua arte é mais que uma profissão, é a luta por uma causa.

HOWARD TERPNING - Batedores do Fort Bowie - Óleo sobre tela - 71,12 x 101,6 - 1985

HOWARD TERPNING - Procurando pelos renegados - Óleo sobre tela - 81,28 x 152,4 - 1981

Howard Terpning nasceu na cidade de Oak Park, Illinois, a 5 de novembro de 1927. Sua mãe era uma decoradora de interiores e o seu pai um funcionário da ferrovia. O oeste americano sempre foi sua casa. Morou em Illinois, Iowa, Missouri e Texas. Sempre teve um fascínio pelo desenho e aos 15 anos, quando passou um acampamento de verão próximo de Durango, no Colorado, e visitou nativos americanos, sabia que não conseguiria viver muito longe daquela cultura.

HOWARD TERPNING - The cache
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2 - 1982

HOWARD TERPNING - Uma mulher sioux
Óleo sobre tela - 101,6 x 81,28 - 1982

Aos 18 anos, matricula-se na Academia de Belas Artes de Chicago, onde estudou por dois anos. Pagava o curso com ilustrações que fazia para gibis e também incrementava com cursos mais rápidos na American Academy of Art, também em Chicago. Ele deve seu início principalmente a Haddon Sundbom, quem o abriu caminhos promissores como ilustrador. Durante seus 25 anos nessa profissão, imortalizou capas de revistas, ilustrações de história e arte de propaganda, para publicações como Readers Digest, Time, Newsweek, Good Housekeeping, Camp & Stream, McCall, Redbook, e Ladies 'Home Journal. Além de ilustrar para revistas, Terpning completou mais de 80 cartazes de filmes, encabeçados por sucessos como Cleopatra, Lawrence da Arábia e Doutor Jivago.

HOWARD TERPNING - Encurralando o rebanho - Óleo sobre tela - 66 x 111,8 - 1978

HOWARD TERPNING - Aventureiros do deserto - Óleo sobre tela - 81,28 x 106,7 - 2012

Foi somente em 1974, que Terpning decidiu explorar aquilo que nunca lhe saía da cabeça: o oeste americano e os índios de suas planícies. Já estava cansado do trabalho comercial e decidiu seguir o seu interesse para aquela temática que sempre visitava sua imaginação. A transição para as Belas Artes foi serena, com a introdução de suas primeiras obras em galerias do oeste. Foi tão bem recebida sua arte, que em 1977 ele mudou-se para o Arizona, a fim de se dedicar exclusivamente à pintura do oeste americano.

HOWARD TERPNING - Fonte de toda vida - Óleo sobre tela - 50,8 x 76,2 - 1992

HOWARD TERPNING - Um jogo de vítimas - Óleo sobre tela - 24 x 34 pol - 1975


Terpning nos mostra o índio americano e toda sua cultura como poucos sabem fazer. Não bastasse a habilidade técnica para trabalhos com as tintas e a refinada paleta que compõe suas obras, o que mais encanta em sua produção é a sua proposta tão bem alicerçada em pesquisas profundas e a naturalidade com que vão surgindo todas essas suas narrativas de arte. É um daqueles artistas que se tornaram imortais pela sua proposta e dedicação. A história nunca se esquecerá disso.

HOWARD TERPNING - O relatório do sentinela - Óleo sobre tela - 81,28 x 122 - 1988

HOWARD TERPNING - Oferendas ao sol - Óleo sobre tela - 72,6 x 101,6 - 1986

terça-feira, 14 de abril de 2015

OSMAR DALLABONA

OSMAR DALLABONA - Palavras certas - Óleo sobre tela - 60 x 80

O Hiper-realismo é um estilo com poucos adeptos pelo Brasil. Não que não tenha admiradores e seguidores por aqui. O estilo exige uma técnica muito apurada, uma lógica na escolha do que pintar e uma paciência muito acima da média, coisa muito rara nos artistas das novas gerações. Por ser um trabalho muito demorado, impossibilitando qualquer artista de produzir um volume considerável em toda sua carreira, o estilo é admirado por muitos, mas evitado por um número ainda maior. Na fala de Osmar Dallabona, um dos insistentes praticantes do estilo no Brasil, os artistas dos tempos atuais estão mais propensos a uma arte volátil, rápida, “poemas escritos na areia e esculturas feitas em gelo”. Percebe-se a convicção de sua fala, quando concluiu uma das perguntas que lhe fiz a respeito desse estilo tão incompreendido: “A arte não é só ter uma ideia, necessitamos ter a capacidade de explora-la e executa-la com maestria.”

OSMAR DALLABONA - Gabriela - Óleo sobre tela - 60 x 80

Maestria talvez seja a palavra-chave para designar todos aqueles que persistem em avançar por esse estilo que exige tanto de seus praticantes. Por ser um estilo que se aproxima perigosamente da fotografia, é preciso ter a capacidade de diferencia-la desta e dar-lhe vida própria. Diante da fotografia que deu origem a um trabalho hiper-realista e a obra acabada há uma diferença enorme, pelo menos por aquelas obras executadas por artistas que deixaram um pouco de si nelas.

OSMAR DALLABONA - Equilíbrio - Óleo sobre tela - 30 x 30

O descaso pelo trabalho hiper-realista, principalmente no Brasil, está na formação educacional. Desde os primeiros anos escolares, a arte conceitual é imposta como uma verdade última, e tudo que se diferencie dela é visto como ultrapassado e fora de moda. Por não possuirmos uma base escolar que permita a nossas crianças e jovens uma formação acadêmica em artes plásticas, pelo menos no sentido crítico, não podemos esperar que quando adultos tenham também um olhar critico e imparcial sobre arte. E o mais interessante que todos gostam e ficam extasiados quando encontram algo hiper-realista feito com qualidade. Exemplo disso, foram as filas intermináveis de público para ver a recente exposição do escultor hiper-realista Ron Mueck em São Paulo. Há luz no fim do túnel, é preciso somente que as deixem acesas.

OSMAR DALLABONA - Sinfonia em flauta doce - Óleo sobre tela - 70 x 50

Osmar Dallabona nasceu na cidade catarinense de Rio dos Cedros, em 1949. Em 1966, ele se matriculou na Escola Panamericana de Artes, em São Paulo, onde fez desenho livre. As primeiras orientações com o óleo vieram com a artista Tânia Verner, dois anos depois. Por incrível que possa parecer, o estilo inicial de seus trabalhos era o Expressionismo, que explorou durante um bom tempo, principalmente vendendo na Praça da República, em São Paulo. 1982 lhe acena como um ano de novas pesquisas e o Impressionismo é o que passa a lhe atrair mais dali em diante. Esse novo estilo o aproxima mais do Realismo e abre portas também para uma experiência Surrealista. Somente com a entrada desse século, firmou definitivamente suas propostas artísticas no estilo hiper-realista.

OSMAR DALLABONA - Serenata da natureza - Óleo sobre tela - 70 x 50

Ao ser indagado sobre a arte hiper-realista e o mercado de arte atual, ele foi categórico: “Confesso que no Brasil não é muito fácil viver de artes plásticas. Moro na maior cidade do país e encontro muitas dificuldades para colocar meu trabalho em galerias importantes. O Mercado aqui, e quero crer que em todo o Brasil, é muito voltado para a arte conceitual, permitindo muito pouco espaço para outros tipos de trabalho. Se observarmos a trajetória dos nossos principais artistas, podemos concluir que são muito pouco valorizados fora do Brasil e que, quando morrem, ao contrário de outros mercados, desaparecem quase que por completo, sem uma manutenção e ou valorização importante da sua obra”.

OSMAR DALLABONA - Relações - Óleo sobre tela - 60 x 80

Dallabona fala sobre a atual fase de seu trabalho com a empolgação de um adolescente: “A figura humana sempre foi a base do meu trabalho, porém com o hiper-realismo estou descobrindo novas formas. O hiper-realismo tem a capacidade muitas vezes de mostrar pequenos detalhes corriqueiros, nem sempre observados nas rotinas diárias”. Percebi, pela sua fala, que há uma proposta nítida de tocar as pessoas que observam suas obras. Um exemplo, foi a explicação que fez, ao citar a obra “Relações”. Aparentemente, uma simples composição de figos numa tigela, mas que para ele, criador da obra, simboliza todas as suas relações, novas, maduras e que naturalmente se envelhecem. E ele gosta quando as pessoas se identificam com isso em seus trabalhos e conseguem abstrair deles sempre uma nova mensagem. A obra “Lei do Tempo” traz também uma mensagem impactante e comovente.

OSMAR DALLABONA - Lei do tempo - Óleo sobre tela - 30 x 30


O artista, que ainda pesquisa e se permite abrir a novas referências e influências, comentou sobre a experiência de visitar grandes museus do mundo e se deixar aprender com todas as visitas. Diz sensibilizado ao extremo, diante dos trabalhos em escultura de Michelangelo e muito surpreso com as obras do surrealista Dali, que teve a oportunidade de apreciar de bem perto. O artista terminou nossa conversa dizendo que é um otimista, que acredita ter esperanças de que a arte, em qualquer de suas manifestações, possa ser mais respeitada e mais valorizada, sem distinção e privilégio de alguns segmentos.

PARA SABER MAIS:



terça-feira, 7 de abril de 2015

WILHELM KUHNERT

WILHELM KUHNERT - A presa - Óleo sobre tela - 45 x 70

WILHELM KUHNERT - Tempo de descanso - Óleo sobre tela

Certos artistas se tornam antecessores em seu tempo. Wilhelm Kuhnert fazia uma arte-ecológica, num tempo em que as caçadas e os safáris eram uma espécie de diversão da burguesia europeia. Ele insistia em pendurar obras de arte com animais nas paredes, quando a moda era estender peles pelo chão e pendurar cabeças das caçadas como troféus. Já defendia a preservação das espécies, num tempo em que a extinção nem parecia ameaça. Por essas tantas iniciativas, foi aclamado como o maior artista da vida animal de seu tempo e é reconhecido hoje como o artista-referência da vida selvagem, em toda a história da arte.

WILHELM KUHNERT - Leões em observação - Óleo sobre tela - 116,2 x 217,8

WILHELM KUHNERT - Um casal de leões numa savana - Óleo sobre tela - 40,5 x 60,5

No final do século XIX, qualquer jovem artista europeu que se aventurasse a pintar animais, tinha uma grande opção nos muitos excelentes zoológicos que se formavam pelo continente. Os de Dresden e Berlim eram, de longe, os tidos como mais completos e disputados. Em torno de suas belas jaulas ambientadas com as condições naturais de cada espécie, muitos artistas passavam horas estudando, apontando todas as posições e observando alguns hábitos dos animais modelos. Um grande número desses animais era composto de exemplares já com idade avançada ou doentios, geralmente rejeitados das muitas feiras e circos que se tornavam uma febre por toda parte. Insatisfeito com esse método de aprendizagem, Wilhelm Kuhnert resolveu seguir os conselhos do artista Richard Friese, que muito admirava, e decidiu captar os animais em seu estado natural, nas planícies, campos e florestas da África e da Ásia.

WILHELM KUHNERT - Um casal de leões ataca um búfalo - Óleo sobre tela

WILHELM KUHNERT - Um tigre numa clareira - Óleo sobre tela - 63,5 x 112

Um dos primeiros artistas europeus a viajar para a África Oriental, em 1891, Kuhnert não só passou uma longa temporada por lá, como soube produzir muito, com tudo que via e anotava. Em 1901, ele viria a publicar 3 volumes da Vida Animal na Terra, tamanho era o envolvimento com o seu trabalho. A procura por essas publicações se tornou tão grande, que ele se viu motivado a produzir novas obras, sob novos ângulos e propostas. Desafio que lhe forçou a uma outra temporada em terras africanas, desta vez ficando entre 1905 e 1912. Fazia tudo com tanto gosto, que ignorava por completo os perigos do campo aberto, as muitas emboscadas fatais das quais escapou e as muitas doenças incuráveis que as terras africanas escondiam.

WILHELM KUHNERT - Família de elefantes numa savana - Óleo sobre tela - 48,2 x 84,5

WILHELM KUHNERT - Flamingos - Aquarela sobre papel

Wilhelm Kuhnert nasceu em Opole, antiga região da Silésia, na Polônia, a 18 de setembro de 1865. Após uma interrompida tentativa de estudos na área técnica e comercial, quando tinha 17 anos, decidiu que partiria para o campo das artes, que sempre foi seu fascínio. Entre os anos de 1883 e 1887, conseguiu uma bolsa na Academia Real de Belas Artes, em Berlim. Foi logo após essa temporada, que decidiu ir para o Egito, África Oriental e Índia. Representou exaustivamente várias espécies animais, mas nenhuma lhe atraía tanto quanto os leões. Chegou a ser reconhecido como o “artista dos leões”. Era fascinado pelo seu trabalho e não media esforços para executá-lo da maneira mais natural possível.

WILHELM KUHNERT - Leões em observação - Óleo sobre tela

Os inúmeros esboços desenvolvidos durante todas as viagens, mais a memória visual de tudo que havia vivido, foram a inspiração para os diversos trabalhos sobre a vida selvagem, que produziu até os seus últimos dias. Não se cansava na busca perfeita pela melhor composição, aquela que captasse expressividade e acima de tudo beleza. Com sua maneira inimitável de representar, pintou os animais e seres humanos que encontrou pelos caminhos que passava. Grande parte de sua produção, a maior dela, encontra-se em coleções privadas, espalhadas por todo mundo. Seus trabalhos são motivos de disputas acirradas nas casas de leilões, até hoje.

WILHEM KUHNERT - Em descanso
Óleo sobre tela - 39 x 66,5

WILHELM KUHNERT
Um grupo de hipopótamos descanso próximo ao rio
Aquarela sobre papel


Kuhnert casaria duas vezes. Sua segunda esposa faleceu exatamente no dia que ele completava 60 anos. O fato o abalou bastante e ele nunca recuperaria dele. No dia 11 de fevereiro de 1926, faleceu quando se restabelecia em Flims, na Suíça, pouco mais de 5 meses após o falecimento de sua esposa. Friedrich Wilhelm Kuhnert é conhecido como um dos mais importantes pintores alemães de seu tempo. Sua obra inclui uma variedade muito grande de desenhos, gravuras, aquarelas e óleos.

WILHELM KUHNERT - Búfalos ao longo de um rio - Óleo sobre tela - 130,2 x 233,1

sexta-feira, 3 de abril de 2015

ALFREDO RODRIGUEZ

ALFREDO RODRIGUEZ - Corrida do ouro no Colorado, 1859 - Óleo sobre tela - 101,6 x 152,4

ALFREDO RODRIGUEZ - A procura - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6

A pintura é uma das mais antigas artes do México, praticada há mais de 7 mil anos, em trabalhos rupestres. Arte que foi se formando e transformando ao longo dos séculos. Com a colonização espanhola, muito da arte européia acabou influenciando na produção local, principalmente com relação à técnica. Mas, é uma tradição no país, valorizar os costumes e tradições locais. Desde que o país alcançou projeção internacional com artistas do século passado como Siqueiros, Orozco, Rivera e Kahlo, muitos olhos se voltaram para o que se tem produzido no país, em todos os estilos e em todas as técnicas. Necessitaria uma matéria bem mais extensa para esmiuçar as muitas escolas artísticas que foram desenvolvidas no país e o impacto delas na formação artística de seus artistas. No presente momento, a atenção estará voltada para um artista mexicano, mas que aprendeu a voltar seu olhar para outros povos.

ALFREDO RODRIGUEZ - A água do poço - Óleo sobre tela - 45,72 x 60,96

ALFREDO RODRIGUEZ - Pequena flor vermelha
Óleo sobre tela - 40,64 x 30,48

Alfredo Rodriguez nasceu em Tepic, no México, em 1954. Filho de uma família numerosa, cujos pais criaram com dificuldades os nove filhos. O presente mais significativo da infância, que viria influenciar por toda sua vida, foi um conjunto de aquarelas, doado pela sua mãe, quando ainda tinha 6 anos de idade. Os estudos no campo da arte começaram cedo e, logo aos 14 anos de idade, já se via produzindo trabalhos para ajudar no sustento da família. Há um relato interessante do artista, sobre como foi o seu princípio: “No verão de 1967, meus pais gastaram as suas poupanças para me levar para o estudo de Santiago Rosas, um velho conhecido artista mexicano, que me ensinou os princípios básicos da arte. Tudo em seis horas de aula, que era tudo o que os meus pais podiam pagar.” 

ALFREDO RODRIGUEZ - Um presente para minha esposa - Óleo sobre tela - 60,96 x 91,44

ALFREDO RODRIGUEZ - Hora do lanche - Óleo sobre tela -  60,96 x 91,44

Diferentemente, porém, do grande número de artistas mexicanos, que sempre se preocuparam em desenvolver um trabalho local, Alfredo Rodriguez voltou seu olhar para a questão do índio americano e da cultura do sudoeste americano, motivo que o levou a morar em Corona, na Califórnia, em 1979, tão logo começou a conquistar um mercado regional. Isso não é um fato extraordinário no mundo da arte. Muitos artistas se sentem sensibilizados por questões que não sejam propriamente às de suas origens. A arte tem uma linguagem universal e cada artista procura se adaptar àquilo que melhor pode vir a ser a sua forma de expressão.

ALFREDO RODRIGUEZ - Compartilhando a luz
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2

ALFREDO RODRIGUEZ - Uma oração para o búfalo
Óleo sobre tela - 91,44 x 60,96


Produtor de um realismo respeitado e admirado por críticos e público, os trabalhos de Alfredo Rodriguez são facilmente assimilados. Suas mensagens são diretas e as composições sempre elaboradas em torno de um tema simples, mas muito bem executado. Vários prêmios já foram conquistados no concorrido mercado de arte do sudoeste americano e um grande número de exposições já foi realizado em diversos museus e galerias da região. Atualmente, Alfredo Rodriguez desfruta de uma boa aceitação de seu trabalho no mercado de arte internacional. É um dos artistas que vem confirmar que, embora tenha suas raízes em um país de tradição tão bem preservada, voltou suas influências e olhares para outros povos e regiões.

ALFREDO RODRIGUEZ - Corações gratos - Óleo sobre tela - 40,64 x 60,96

ALFREDO RODRIGUEZ - Duas bonequinhas 
Óleo sobre tela - 69,96 x 35,56

PARA SABER MAIS: