sábado, 27 de dezembro de 2014

STUDIO OKADA: Um novo projeto


É admirável como o verdadeiro envolvimento com a arte encontra alternativas para que essa se propague ainda mais. Douglas Okada vem, através de uma nova empreitada, compartilhar com o grande público que já o conhece e com aqueles que ainda não tiveram acesso a ele, tudo aquilo que já assimilou de aprendizagem até o presente momento.
O Projeto Pintura Alla Prima nasceu exatamente da necessidade que o artista sempre teve em transmitir os seus ensinamentos às pessoas mais distantes. Como é praticamente impossível estar nos mais distantes locais dando workshops e demonstrações, aulas demonstrativas em DVD’s se tornaram a opção encontrada pelo artista Douglas Okada. Inicialmente pensou-se na hipótese de contratar uma empresa de filmagem e edição, mas a ideia esbarrava em um fator principal: as filmagens e edições deveriam ser feitas por alguém sintonizado com o processo criativo e didático de produzir uma obra de arte. Por isso, o próprio artista foi atrás de conhecimentos que o possibilitassem filmar e editar suas próprias aulas e acabou criando o Studio Okada, que já nasce com grandes aspirações. A primeira delas é que serão preparados quatro dvd’s com o próprio artista Douglas Okada (Flores, natureza morta, retrato e paisagem) e também deixando a opção de trabalhar com outros artistas em vídeos instrucionais e documentários.
A mensagem fundamental dos vídeos é trazer a atmosfera do atelier do artista para perto de cada espectador, à partir das suas principais ideias sobre os temas que serão abordados. O método alla prima, que significa pintar na primeira etapa, acaba sendo o foco principal, mas o raciocínio lógico e o método de construção da pintura é o que acaba sendo o mais importante de tudo. Todos os exercícios serão realizados com modelos do natural.

DVD'S instrucionais:
FLORES - Aproximadamente 220 min (disco duplo)
NATUREZA MORTA - Aproximadamente 150 min
Formato de tela 16:9 e sistema NTSC

As duas primeiras partes do Projeto Alla Prima, com o artista Douglas Okada, já estão concluídas e disponíveis para a aquisição de qualquer pessoa. Flores e Natureza morta são aulas feitas passo-a-passo, filmadas, comentadas e editadas pelo próprio artista. Muito didáticas, trazem todas as noções elementares para se fazer dois exercícios indispensáveis, tanto a iniciantes que pretendem se orientar por um método seguro e testado, como por artistas já praticantes, que pretendem se reciclar com uma nova maneira de fazer os seus trabalhos.

Há que se louvar iniciativas como essa, já que no mercado brasileiro as opções para publicações assim são muito limitadas ou quase inexistentes. Sucessos ao Douglas Okada e que o seu empreendimento dê muitos frutos. Já estamos esperando pelos próximos lançamentos.
Os DVD's podem ser adquiridos pelo sistema pag seguro ou por depósito bancário, através do link que se segue:
http://atelierdouglasokada.blogspot.com.br/2014/12/pacote-promocional-dvd-alla-prima.html

ALGUMAS ETAPAS DO DVD FLORES





ALGUMAS ETAPAS DO DVD NATUREZA MORTA





terça-feira, 23 de dezembro de 2014

CARL BLOCH

CARL BLOCH - A cena da manjedoura - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Certos fatos podem mudar de vez a vida de qualquer pessoa. Essa mudança conduzirá seus passos dali em diante e mesmo na sua ausência, quando já tiver falecido, ainda será o fator transcendental de toda sua existência. Foi o que aconteceu ao pintor dinamarquês Carl Bloch, em 1865, quando foi contratado para realizar 23 pinturas para o Palácio de Frederiksborg. Todas as cenas retratando passagens da vida de Cristo. Tamanha repercussão tomou o seu trabalho, que é quase impossível que exista uma pessoa que não tenha visto sequer uma dessas pinturas, estampada em alguma folhinha, revista, catálogo ou qualquer outro tipo de divulgação religiosa. Tais trabalhos foram produzidos em 14 anos, entre os anos de 1865 e 1879. Ser lembrado na eternidade pela sua obra é o que persegue todo artista, e certamente, a obra de Carl Bloch já o eternizou no mundo da arte.

CARL BLOCH - A limpeza do templo - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

CARL BLOCH - Jesus e a samaritana - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Carl Heirinch Bloch nasceu na cidade de Copenhague, a 23 de maio de 1834, filho do comerciante Joergen Peder Bloch e Ida Emilie Ulrikke Henriette Weitzmann Bloch. Ainda bem criança, vivia desenhando por todos os lados e a ideia de se tornar um artista era algo que o consumia. Esse não era o mesmo desejo dos pais, que o queriam numa profissão mais estável e respeitável, como um oficial da Marinha, por exemplo. Mas o seu desejo foi mais forte e ele acabou estudando com Wilhelm Mastrand, na Academia Real Dinamarquesa de Arte. Sua arte veio a sofrer grandes influências de outros mestres na viagem que fez à Itália e principalmente numa passagem que fez anteriormente pela Holanda, onde se influenciou enormemente pela obra de Rembrandt, em especial à dramaticidade de suas composições e o uso austero da paleta.

CARL BLOCH - Cura no Tanque de Betesda - Óleo sobre tela - 282 x 320 - 1886

CARL BLOCK - Cristo e as crianças - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Os primeiros anos como artista logo o tornaram um respeitado pintor de cenas de gênero e posteriormente um respeitado retratista. Cenas italianas eram suas preferidas, e não demorou para que o sucesso de suas composições ultrapassassem as fronteiras de seu país. No início dos anos de 1860, já tinha encomendas reservadas por tempos prolongados e tal fato chamou a atenção de mecenas dinamarqueses que estavam à procura de um artista para decorar o Palácio de Frederiksborg, restaurado após um grave incêndio que o devastou em 1859. Liderados pelo empresário de cervejas J.C. Jacobsen, os mecenas contrataram os serviços de Bloch para essa empreitada. O que ele produziu nos quase 15 anos de trabalho, viria a mudar não só a sua vida pessoal, mas todo o seu legado artístico. Até hoje, Carl Bloch é mundialmente reconhecido como o maior artista a interpretar a trajetória de Cristo. Sua obra é atemporal e não há quem não se emocione com ela, mesmo os não crentes e não seguidores do Cristianismo.

CARL BLOCH - A ressurreição de Lázaro
Óleo sobre placa de cobre - 104,14 x 83,32

CARL BLOCH - Curando um cego - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Carl Bloch conheceu Alma Trepka, em Roma, e casou-se com ela no ano de 1868. Tinham uma vida de mútua cumplicidade, até que ela faleceu prematuramente no ano de 1886. Foi um trauma do qual nunca se refez. Não bastasse a perda de sua esposa, ele se viu sozinho criando os oito filhos que tiveram. Existem várias cartas de artistas contemporâneos e amigos dele que o consolavam constantemente com palavras de apoio e carinho. No auge de sua carreira, produzia exaustivamente, mas sem o entusiasmo que tanto o motivava anos atrás. O artista faleceu 4 anos depois da morte de sua esposa, na cidade de Copenhague, a 22 de fevereiro de 1890, vítima de um câncer de estômago, contra o qual não conseguia forças para lutar.

CARL BLOCH - A última ceia
Óleo sobre placa de cobre - 104,14 x 83,32

CARL BLOCH - O consolador - Óleo sobre tela


Num dos casos raros na história da arte, Carl Bloch teve prestígio e reconhecimento ainda em vida e a sua morte foi dada como um pesar irremediável na história da pintura dinamarquesa. Sigurd Mueller, um dos maiores críticos de arte dinamarqueses, afirmou que “Carl Bloch foi um mestre que se adiantou e mostrou o caminho para ajudar o público a entender a arte”. Ainda hoje, somos todos gratos por ver o mundo pelas suas talentosas mãos, em especial à trajetória de Cristo, que nunca ninguém soube ilustrar tão bem.

CARL BLOCH - Autorretrato - Óleo sobre tela


sábado, 20 de dezembro de 2014

POR DENTRO DE UMA OBRA: Tochas de Nero

HENRYK SIEMIRADZKI - Tochas de Nero - Óleo sobre tela - 94 x 174,5 - 1882

Uma das obras mais famosas de Henryk Siemiradzki é também uma de suas obras mais dramáticas. Tochas de Nero é uma obra que fala sobre crueldade e de como o poder sem limites pode ser algo bastante prejudicial. Quer não nos deixar esquecer dos tempos cruéis pelos quais passaram os primeiros cristãos, num período de decadência do Império Romano. Siemiradzki inspirou-se em um texto escrito por Tácito, antigo morador de Roma, que acabou por se tornar uma espécie de repórter de seu tempo.
Por volta de 64d.C., durante o verão, um grande incêndio devastou um terço da cidade de Roma. Durante cerca de nove dias, os quarteirões mais movimentados e residenciais da cidade foram praticamente destruídos. Pelas narrativas de Tácito, Nero foi o causador da tragédia, pois tinha como planos construir o famoso Domus Aurea, a nova morada oficial do imperador, e para isso precisava desalojar uma área que era estratégica para os seus projetos. Apesar de que Suetônio, outro historiador da época, defendeu outra hipótese. Para desviar o público da grave suspeita que pesou sobre ele, Nero encontrou nos cristãos que habitavam a cidade, uma espécie de bodes expiatórios para colocar a culpa. Ele foi implacável e extremamente cruel, para que sua alegação parecesse ter créditos. Depois de prender muitos deles, torturava e aplicava as mais truculentas condenações, como por exemplo, vestir muitos cristãos com peles de animais e soltá-los em um cercado para serem atacados e sacrificados por dezenas de cães. Mas, uma das penas mais duras foi transformar os cristãos, ainda vivos, em tochas humanas, para que iluminassem a cidade com o mesmo fogo pelo quais teriam provocado e eram injustamente condenados. Esse limite da arrogância e autoritarismo talvez tenha sido um dos trechos mais tristes da história da cidade.



Henryk Siemiradzki ficou profundamente solidário com o sofrimento de todos aqueles cristãos e compor uma tela que narrasse todo o sofrimento daquele povo tornou-se para ele uma questão de honra. Passou um longo período pesquisando a fundo todos os detalhes sociais, políticos e religiosos da cena e produziu um dos trabalhos mais intensos de sua carreira. A cena mostra o exato momento em que o imperador aparece nos jardins de sua residência, para dar início à grande noite de carnificina que desenrolaria à partir dali. O céu ainda não se encontrava absolutamente escuro quando uma grande multidão já aguardava para o evento. Vestidas com roupas de festa e coroadas com flores, as pessoas marchavam, todas bêbadas, cantando alegremente na expectativa do grande espetáculo de horror que estava prestes a acontecer. Por diversas avenidas da cidade, postes foram fincados próximos uns aos outros e em cada um deles, um cristão foi amarrado e envolto com uma espécie de estopa. Ao lado de cada poste, havia escravos prontos para começar o sacrifício. Assim que a noite caiu sobre a cidade, uma trombeta deu o sinal e tudo começou. Um a um, os postes foram sendo acesos e rapidamente a cidade se viu iluminada pelos corpos de centenas de cristãos, todos ainda vivos. Nero montou em uma carruagem puxada por quatro garanhões brancos e seguiu pelas avenidas, conferindo o murmúrio de cada corpo sendo queimado, acompanhado pela população em festa. Finalmente, chegou a uma fonte, no encontro de duas grandes avenidas e se misturou ao povo. Lá, foi recebido com festas, que se seguiram por toda aquela noite.


Concluído em 1882, a trabalho produzido por Siemiradzki é uma crítica por situação semelhante que passava todo o povo polonês. Bastante religiosos, estavam naquele momento sendo perseguidos por um governo que ia de desencontro ao gosto da maioria e oprimia grande parte da população, principalmente a classe religiosa. A obra foi adquirida do artista quando ainda morava em Roma, por von Botkinen e levada para Moscou. Quando von Botkinen foi transferido para Berlim, no início da Primeira Guerra Mundial, a tela foi com ele. Em 1921, Botkinen a vendeu para o colecionador dinamarquês C. C. Christensen. Uma primeira versão do trabalho foi, porém, doada pelo próprio Siemiradzki à Galeria Nacional de Cracóvia. Tochas de Nero tem todas as características clássicas e tão marcantes que sempre representaram as obras de Siemiradzki.


Henryk Siemiradzki nasceu em outubro de 1843, na aldeia de Bilhorod, perto da cidade de Kharkiv, na Polônia. Iniciou seus estudos formais na arte sob a orientação de Dmitry Bezperchei, discípulo de Karl Bryullov. Em 1864, ele foi para São Petersburgo e matriculou-se na Academia de Belas Artes. Após os anos promissores como estudante, Siemiradzki recebeu uma bolsa de estudos de seis anos para estudar no exterior. Ele então viajou de volta para a Europa Central, visitando Munique, Cracóvia e Dresden e, finalmente, chegando à península itálica. Siemiradzki hospedou em Veneza e Florença, e chegou a Roma em 1872.  Ali, ele montou um estúdio e começou a trabalhar em várias comissões. Siemiradzki rapidamente se tornou um dos moradores poloneses mais conhecidos da capital italiana. Como sua reputação cresceu, o estúdio se transformou em uma oficina, aceitando muitas comissões dos italianos, residentes compatriotas e visitantes estrangeiros. Siemiradzki continuou a manter laços com seu país de origem, bem como com a Rússia. Enquanto ele exibiu obras em Cracóvia e Varsóvia, ele foi eleito membro da Academia de Belas Artes de São Petersburgo (1873).
Um dos visitantes poloneses em Roma, mais frequentes no ateliê de Siemiradzki, foi o escritor Henryk Sienkiewicz. Os dois partilhavam um igual fascínio pela história do Império Romano e também possuíam sentimentos solidários iguais ao povo polonês. Curiosamente, assim que Siemiradzki começou a produzir Tochas de Nero, Sienkiewicz também escrevia um de seus romances mais famosos: Quo Vadis. O romance foi completamente publicado em 1896 (já que teve sua publicação parcelada desde 1895) e foi muito bem sucedido, vindo a se tornar um dos clássicos do cinema do século XX. Quo Vadis pode ser interpretada como a contribuição de Sienkiewicz contra a opressão da Rússia, assim como fez Siemiradzki com a obra Tochas de Nero. Desde 1795, quando a Polônia havia sido dividida, e a maior parte de seu território estava sob domínio russo, o país viveu sob forte opressão. Vários artistas, de diversos segmentos, foram fundamentais para que o país recuperasse sua sobrevivência e autonomia, uma vez que eram muito influentes fora de seu país. O movimento romântico polonês prosperou na noção de seu povo se reconciliar com a sua terra, cultura e religião. Ao descrever os sofrimentos dos mártires cristãos, Siemiradzki traduziu em uma cena carregada de conotações emocionais, o sentimento nacional de opressão sentida por seus camponeses. A eventual queda do Império Romano e do triunfo do cristianismo sobre a sua máquina política serviu como espelho para o povo polonês avaliar a sua situação contemporânea.

Siemiradzki morreu em Strzałkowo, Polônia, em 1902 e foi enterrado originalmente em Varsóvia. Mais tarde, os seus restos mortais foram transferidos para o Panteão Nacional em Skałka, em Cracóvia. Até hoje, é lembrado como um dos nomes mais importantes para a arte de seu país.

OUTROS TRABALHOS DO ARTISTA:

HENRYK SIEMIRADZKI - O julgamento de Paris - Óleo sobre tela - 99 x 227 - 1892

HENRYK SIEMIRADZKI - Dança entre espadas - Óleo sobre tela - 77 x 155 - 1887

HENRYK SIEMIRADZKI - A sesta patrícia - Óleo sobre tela - 79,4 x 127,6 - 1881

HENRYK SIEMIRADZKI - Phrine no Poseidon, em Eleusis - Óleo sobre tela - 1889

domingo, 14 de dezembro de 2014

ADRIEN MOREAU

ADRIEN MOREAU - O casamento - Óleo sobre tela - 61 x 81,3 - 1882 - Coleção particular

ADRIEN MOREAU - O descanso - Óleo sobre tela

Com a mesma dedicação e respeito que representava as classes superiores francesas, Adrien Moreau também executava suas composições com camponeses. Essas duas temáticas viriam compor quase que a totalidade de sua produção. Esse cuidado dispensado com igual valor a qualquer classe social é algo que nos faz pensar que Moreau comungava de um pensamento que acompanha as pessoas que querem bem: sob o mesmo sol, somos todos iguais. E fazia ambas temáticas com um virtuosismo admirável, não sonegando dignidade a nenhum de seus personagens. Um crítico do The Magazine of Art Ilustrated, afirmou em 1880, que Moreau era um artista com as pontas do dedo, tamanho o preciosismo e veracidade com representava tanto figuras quanto paisagens.

ADRIEN MOREAU - As bodas de prata - Óleo sobre tela - 94 x 132,5 - 1879

ADRIEN MOUREAU - O barco - Óleo sobre tela - 128,9 x 201,3 - 1884

Moreau nasceu na cidade francesa de Troyes, a 18 de abril de 1843 e faleceu em Paris, a 22 de fevereiro de 1906. Além de pintor de cenas de gênero e históricas, também foi um escultor e ilustrador. Teve o respeito conquistado para seus trabalhos ainda jovem, vindo a conquistar honrarias em diversas participações que fez no Salão de Paris, a referência artística para a sua época.

ADRIEN MOREAU - O pequeno concerto - Óleo sobre tela - 115 x 89

Apesar de ter se relacionado com vários artistas desde cedo, sua família tinha outras aspirações para ele. Para o pai, o filho deveria se formar em Direito. Eventualmente, o desejo de Adrien venceu e começou sua primeira formação artística como um aprendiz de vidreiro em sua cidade natal. Logo ele partiu para Paris para prosseguir sua verdadeira formação artística no tradicional atelier École des Beaux-Arts. Ele trabalhou primeiramente com Léon Cogniet, mas um ano depois começou a estudar com o grande pintor acadêmico Isidore Pils, artistas que mantiveram ateliers muito bem-estabelecidos. Um artista clássico por formação, Moreau começou a explorar os temas que o ocupariam para o resto de sua vida - gênero e pintura histórica.

ADRIEN MOREAU - Arando os campos - Óleo sobre tela - 116,8 x 167,6

ADRIEN MOREAU - Um baile de máscaras no século XVII - Óleo sobre tela - 38,5 x 52,5 pol

Moreau estreou no Salão de Paris, em 1868, com um assunto religioso que o colocou entre as fileiras dos maiores pintores de gênero contemporâneo. Ele seguiu o seu debut no próximo ano com uma pintura neo-clássica intitulada Nero na Casa dos Belluaires. Pouco tempo depois de suas exposições do Salão, a guerra franco-prussiana de 1870-71 eclodiu, o que resultou em ataques militares nas ruas de Paris. Nesse período, teve até o seu ateliê destruído por explosões. Voltou a exibir no Salão em 1873, com Concerto Amador em Atelier de um artista. Foi este tipo de pintura que oficialmente estabeleceu a sua reputação, e, especialmente, encontrou um público que estava ansioso para adquirir essas imagens nostálgicas. CH Stranahan, em A História da Pintura, classificou seu trabalho como caindo "para a classe de gênero histórico, que, no entanto, pinta com um bom humor, mas com um toque sempre hábil . "

ADRIEN MOREAU - Chamado para a procissão - Óleo sobre tela - 90,8 x 116,8

A pintura de gênero histórico de Moreau foi muitas vezes traduzida em uma demonstração de elegância e refinamento da classe alta. No final do século XIX, teve um grande interesse em cenas dos tempos passados. Artistas como Meissonier, Madou, Detti, Moreau, Hamza e Stone estavam entre seus maiores defensores e os detalhes e a precisão das suas obras foram admiradas por muitos colecionadores da época. Assim como ele, muitos artistas começaram a olhar para os século XVII e XVIII como uma era de elegância.

ADRIEN MOREAU - O barqueiro - Óleo sobre tela - 73,6 x 92,7

ADRIEN MOREAU - Soldados numa parada para descanso - Óleo sobre tela - 56 x 81 - 1906

Colecionadores de todo o mundo disputavam os trabalhos de Moreau e muitas de suas pinturas importantes foram adquiridas pelos americanos ricos da época. As pinturas de Moreau foram altamente recomendadas por críticos e muitas delas foram reproduzidas nos livros de história da arte mais importantes do período, uma vez que transmitiam uma boa ideia do período histórico que representavam.

ADRIEN MOREAU - No parque
Aquarela e guache sobre papel - 36,8 x 27,3

Embora hoje Moreau possa ser lembrado mais por essas imagens do século XVIII, ele também executou uma série de composições que mostram o campesinato e sua vida, incluindo aspectos da paisagem e do ambiente. Uma coisa é verdade sobre ele que se pode dizer de muito poucos artistas – ele pintava com igual maestria tanto a paisagem como a figura humana; e ele dá o mesmo cuidado na interpretação de cada um, não sendo desrespeitados em favor do outro.

ADRIEN MOREAU - A corte - Óleo sobre tela - 103,5 x 90,1 - Coleção particular

ADRIEN MOREAU - Os noivos
Óleo sobre linho - Óleo sobre linho - 65,5 x 52 - 1876

Por um longo período, continuou explorando como poucos as cenas históricas do passado francês. Expôs diversas vezes no Salão com esses temas. Durante sua vida, o artista recebeu, também, propostas para ilustrar várias obras, incluindo muitas obras reeditadas de mestres literários franceses, como Victor Hugo e especialmente Voltaire. Para estes, ele fez aquarelas e desenhos, e mostrou que ele tinha mais talento além da pintura a óleo. Ilustração tornou-se um meio viável de ganhar uma renda suplementar e Moreau foi claramente ligado com o mundo literário; escrevendo um livro sobre a história da família Moreau, intitulado Les Moreau .

ADRIEN MOREAU - Camponesa com vacas em uma vazante - Óleo sobre tela - 35,25 x 46 pol


Em 1892, ele tinha mostrado ser uma parte importante das tradições académicas da época e foi premiado com o Chevalier de la Legion d'Honneur . Como membro ativo do Salão, ele continuou a viver e trabalhar em Paris até sua morte. As imagens de Moreau popularizaram a atenção do público para os períodos históricos da França, onde eles começaram a olhar com reverência absoluta. Foi um artista “humano”, se é que assim pode se classificar um artista. Além de excelente profissional, foi uma pessoa que dedicou atenção em favor da construção de um mundo melhor.



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

POR DENTRO DE UMA OBRA: Pintando na ESALQ

JOSÉ ROSÁRIO - Pintando na ESLAQ - Óleo sobre tela - 40 x 60 - 2014

Já é de longa data a vontade de realizar essa tela. Fiz um pequeno estudo no local para familiarizar com o cenário, realizei várias fotografias como referências e esbocei alguns desenhos que finalmente chegaram na execução desse quadro.




No dia 7 de setembro de 2013, participei de uma sessão ao ar livre com o grupo Caipiras do Plein Air, na cidade de Piracicaba/SP. Foi uma manhã descontraída, com a reunião de vários artistas no campus universitário da ESALQ, uma conceituada faculdade daquela cidade. O local é realmente fantástico, algumas fotos que ilustram a matéria não me deixam mentir. Não resisti a essa cena da artista Alzira Ballestero pintando e finalmente concluí esse quadro, que se encontra hoje na coleção particular de Marcus José C. Lopes, da cidade de Natal/RN.