sábado, 27 de outubro de 2012

ENTRE PARENTES


ANDREAS ACHENBACH - Paisagem em Hessen
Óleo sobre tela - 52 x 78 - 1868

OSWALD ACHENBACH
Jovem mulher descansando em um caminho iluminado pelo sol
Óleo sobre tela - 79,5 x 112

Não é muito raro encontrarmos familiares produzindo trabalhos de arte. Pais e filhos, irmãos e também casais já trabalharam juntos e se deixaram influenciar pelos seus mais próximos. Isso acontecia com mais frequência na Renascença até o Rococó, onde os ateliês eram verdadeiras oficinas, que atendiam grandes encomendas e demandavam uma mão de obra maior e com qualidade parecida. Famílias inteiras se davam ao trabalho de atender tais volumosas encomendas. Com o passar dos anos, porém, a arte foi ganhando um apelo mais individualista e se tornando algo mais próximo do que conhecemos hoje, o lugar onde cada artista expressa suas particularidades.

ANDREAS ACHENBACH - Rochedos com naufrágio
Óleo sobre tela - 48,5 x 63 - 1835

OSWALD ACHENBACH - Rua de Nápoles ao fim do dia
Óleo sobre tela - 53 x 72

A família Achenbach deu ao mundo dois grandes artistas, que produziram significativas obras em sua época e mudaram alguns conceitos estilísticos para o momento no qual viviam. Andreas Achenbach e Oswald Achenbach eram alemães, o primeiro nascido na cidade de Kassel, em 29 de setembro de 1815, e o segundo nascido na cidade de Düsseldorf, em 2 de fevereiro de 1827.

ANDREAS ACHENBACH - Ebbe
Óleo sobre tela - 1837

OSWALD ACHENBACH - Vista do Golfo de Nápoles
Óleo sobre tela - 77,5 x 100

Curiosamente Andreas, o irmão mais velho, começa os aprendizados de desenho e pintura exatamente no ano de nascimento de Oswald, quando ainda estava com 12 anos de idade. Friedrich Wilhelm Schadow foi seu primeiro tutor na Academia de Düsseldorf de Pintura. Andreas não se limitou ao ensino alemão, visitando por várias vezes a cidade de São Petersburgo, na Rússia, e algumas regiões da Itália, Holanda e Escandinávia. Essas visitas viriam a influenciá-lo pelos rumos de seus trabalhos futuros.

ANDREAS ACHENBACH - Clarão, Costa da Sicília
Óleo sobre tela - 82,5 x 116 - 1847

OSWALD ACHENBACH - No parque da Vila Borghese
Óleo sobre tela - 122 x 152 - 1886

Inicialmente, os trabalhos de Andreas tendiam para um pseudo-idealismo da escola romântica alemã, tendência que teve forte influência, por um bom tempo, sobre diversos artistas do país. Foi na sua passagem por Munique, em 1835, quando sofreu uma forte influência dos trabalhos de Louis Gurlitt, que a obra de Andreas tomou novos e decisivos rumos, tornando-se ele, o fundador da escola alemã realista. Andreas era um artista temperamental e embora muitas de suas composições pareçam sem um objetivo específico, tinha uma técnica espetacular, e os rumos que deu em seu próprio trabalho, tornaram-no historicamente como um reformador.

ANDREAS ACHENBACH - Paisagem de inverno com caçadores no gelo
Óleo sobre cartão - 26,8 x 39

OSWALD ACHENBACH  - Vista de Sorrento
Óleo sobre tela - 101 x 151

Já era um período em que Oswald, irmão mais novo, recebia as orientações e fortes influências de Andreas. Enquanto em Andreas percebemos a necessidade de firmação de uma nova linguagem, em Oswald já é notória uma preocupação mais evidente com os problemas sociais. Mais “lunático”, por assim dizer, Oswald era um artista mais idealista, que acreditava em causas ainda distantes para a realidade de sua época.

ANDREAS ACHENBACH - Caçador numa paisagem
Óleo sobre tela - 39 x 57 - 1854

OSWALD ACHENBACH
A entrada de um convento no Golfo de Sorrento
Óleo sobre tela - 132 x 110,5 - 1883

Em 1855, Andreas recebeu uma medalha de primeira classe para Paris e por lá foi nomeado Cavaleiro da Legião Francesa de Honra, um título muito desejado por todo artista da época. Mais tarde, o Chambers Biographical Dictionary classificaria Andreas como o pai da pintura de paisagens do século XIX, na Alemanha. Nesse mesmo período, Oswald também buscava novas terras para suas composições. A riqueza de suas cores e suas fortes composições levaram-no para a Itália, onde fez várias imagens da Baía de Nápoles e dos arredores de Roma. Também passou uma temporada na Suíça e na Baviera. Os dois irmãos foram professores na Escola de Düsseldorf.

                                   
Esquerda: Andreas Achenbach numa litografia de Adolf Dauthage.
Direita: Oswald Achenbanch num retrato feito por Ludwig des Coudres.

Oswald falece em 1 de fevereiro de 1905, vítima de uma inflamação nos pulmões. Seu irmão mais velho ainda viveria mais 5 anos, vindo a falecer em Düsseldorf a 1 de abril de 1910. Ambos traduziriam toda a necessidade de uma época que exigia mudanças. Mudanças no estilo, na temática e na maneira como produzir e divulgar arte, formando um grande número de discípulos e influenciando uma nova geração de pintores alemães. Seus trabalhos podem ser encontrados em todos os melhores museus e galerias da Alemanha. Muitas de suas obras acabaram se tornando, também, produtos cobiçados de vários colecionadores e galeristas dos Estados Unidos.

4 comentários:

  1. José Rosário,
    muito boa a sua matéria sobre os irmãos Achenbach.
    Leve, bem escrita e descrevendo o mais importante na arte destes dois grandes pintores alemães.
    Quando puder, dê uma passada pela obra do fantástico paisagista russo Ivan Shishkin. Se não conhece, acredito que você vá se encantar com a obra dele, que é excepcional.

    Um grande abraço desde aqui.
    S. Quimas
    Artista plástico, designer e escritor
    http://facebook.com/SQuimas

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    1. Olá S. Quimas, o Shishkin é mesmo uma unanimidade no que se diz respeito à paisagens. Estou devendo uma matéria a ele, sem dúvida.
      Queria um dia com, pelo menos, mais umas 6 horas... Ainda farei!
      Grande abraço!

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  2. Na história da arte sempre encontramos relações parentescas, os irmãos Achenbach tem estilos parecidos, principalmente as marinhas, são grandes, como a arte merece! um ótimo fim de semana meu amigo!
    Não se esqueça do Corot...

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    1. Não esquecerei, meu amigo.
      Já vou adiantar uma curiosidade com relação a Corot. Foi o primeiro artista estrangeiro de quem fiz uma reprodução de um trabalho, "A Ponte de Narni". Sempre aprendi bastante utilizando boas referências. Não me canso de aprender com elas.
      Grande abraço e tenha ótimo domingo!

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