sábado, 25 de fevereiro de 2012

IMPRESSIONISMO

CLAUDE MONET - A ponte em Argenteuil - Óleo sobre tela - 1874

Muito já se falou sobre o estilo mais famoso da História da Pintura, e muitos artigos ainda irão tecer diversas matérias sobre ele. Parecem inesgotáveis, os volumes de literaturas dedicadas a esse que se tornou o estilo mais instigante da Arte Moderna e por isso mesmo, o mais querido por todos. Não só pelo fascínio em nos mostrar uma visão rebelde para tudo aquilo que se via em sua época, mas por nos indicar uma visão plástica completamente diferente, despojada e acima de tudo livre. E mesmo hoje, no auge de tanta comunicação e avanços tecnológicos, muitos artistas e muitas obras desse período continuam desconhecidos ou até mesmo esquecidos.

CAMILE PISARRO - Paisagem em Chaponval
Óleo sobre tela - 54,5 x 65 - 1880 - Museu d'Orsay, Paris

A relação que existe entre o Impressionismo e as forças que alavancaram as novas correntes artísticas é inquestionável. O Impressionismo pode, por assim dizer, ser o responsável pela grande e perceptível revolução artística que se iniciou na segunda metade do século XIX e que despertou tantas outras correntes e tantos outros olhares e fazeres à respeito da arte. As emoções despertadas em nós, pelas obras impressionistas, é algo que ultrapassa a simples explicação da identificação unilateral com a obra, porque a comoção e admiração se fazem de uma forma coletiva, e abraça a todos os atentos observadores, de qualquer idade.

PIEERE-AUGUSTE RENOIR - Estudo de torso sob a luz solar
Óleo sobre tela - 64 x 80 - 1876 - Museu d'Orsay, Paris

Mas o que é o Impressionismo? Pode-se dizer que seja uma certa maneira de pintar, desenhar ou de conceber qualquer trabalho gráfico, e que abrangeu também a escultura, a literatura e a música, propondo uma concepção livre dos ditames acadêmicos do período em que se originou. Muitos historiadores atuais insistem em afirmar que o Impressionismo; uma curta orientação ou uma corrente artística temporária; só se desenvolveu graças ao contexto no qual se apresentou: social, histórico, político, ético e filosófico. Afirmam também que é o fim e o começo, ao mesmo tempo. Fim de um período totalmente dominado pela maneira realista de se expressar e o começo de uma nova era na História da Arte, que passa a ter na liberdade e na expressão, uma nova forma de ver o mundo.

EDGAR DEGAS - A classe de Ballet
Óleo sobre tela - 85 x 75 - Museu d'Orsay, Paris

É conveniente nunca esquecer que o movimento impressionista não é exclusivamente francês, mas está ligado a várias outras regiões da Europa e diversas partes do mundo. Evidentemente, sendo Paris a grande orientadora dos movimentos artísticos daquela época, o movimento teve mais forças e se deu de maneira mais intensa no território francês. Outro fator que nunca deve ser esquecido diz respeito às influências para a concepção do movimento. A primeira, vinda das estampas japonesas que invadiram o ocidente naquele período, e que subvertiam propositadamente a perspectiva e as composições tradicionais. A segunda, a invenção da fotografia, que congelava movimentos e permitia explorar novos temas e focos.

FRÉDÉRIC BAZILLE - Banhistas, cena de verão
Óleo sobre tela - 1869 - Fogg Art Museum, Cambridge, MA, Estados Unidos

Retroceder um pouco mais no tempo é imprescindível, pois entender o ambiente no qual se formou esse novo movimento é de suma importância. Podemos dizer que o século XIX começou mesmo, somente em 1830. Isso é uma força de expressão, evidentemente, mas as coisas só começaram a ganhar mudança substancial à partir dessa data. A Literatura e a Arte nunca mais foram as mesmas, depois de então. Balzac inaugura uma maneira completamente diferente de escrever, levando as obras escritas ao contato com o povo, sempre excluído do processo cultural. Somente a alta burguesia tinha acesso à literatura e arte. Tudo produzido tinha toda uma linguagem voltada para um Classicismo que remetia às artes gregas e romanas, sempre alimentado por textos complexos e completamente foras da realidade. A nova literatura falava para o povo, para o que ele via e vivia, e a mudança também atingiu a arte, de um modo geral. O declínio do Romantismo, estilo ainda atado à era Clássica, dá lugar ao Naturalismo e Realismo, que, assim como na Literatura, passam a falar a língua do povo e representar também o que ele via e sentia. É nessa época então, que começam a desenvolver os primeiros movimentos que culminariam na ruptura definitiva com todo um passado clássico e no surgimento do Impressionismo, décadas depois.

BERTHE MORISOT - Mulher e criança na varanda
Lápis e aquarela sobre epapel - 1872
Instituto de Arte de Chicago, Estados Unidos

Por mais incrível que possa parecer, a Guerra de 1870 também ajudou um pouco no processo de construção do Impressionismo. Indo morar em Londres, fugindo das tormentas e das misérias do continente, Pisarro e Monet procuravam um novo local, onde a paz e a prosperidade fizessem presença. Acabaram por conhecer melhor as obras de William Turner e John Constable, que correspondiam muito bem aos estudos que os mesmos procuravam à respeito da luz e dos novos aspectos de composição. Foi também em Londres que encontraram o marchand Durand Ruel, influente comerciante de artes que tinha a fama de ser um vanguardista, e logo se interessou pela idéia de uma nova proposta pictórica. Regressando ao continente, entra em cena o elemento que mais contribuiu para que diversos artistas se organizassem em uma nova empreitada: a recusa cada vez mais insistente e massacrante de suas obras ao Salão Oficial.

EVA GONZALEZ - Rosas em um vidro
Óleo sobre tela - 1882

Cansados de serem excluídos constantemente do circuito oficial de exposições, Pisarro, Renoir, Monet, Morisot e Sisley, apoiados por Degas, fundam a Sociedade Anônima de Artistas Pintores, Escultores e Gravadores, que tinha por finalidade principal, promover exposições independentes. Manet se nega a participar diretamente do movimento, mesmo tendo muitos pontos em acordo com ele. Já não havia mais retorno! Um grupo com 30 artistas resolve montar a primeira exposição dita impressionista, no ateliê do fotógrafo Nadar, no Boulevard des Capucines, em Paris, com a abertura dada no dia 15 de abril de 1874. Apresentaram 165 obras. Era também a primeira vez que um grupo expunha sem a intervenção do Estado e sem os olhares inquisidores de um júri. As pinturas apresentadas escandalizavam o público que por lá passou. Muitas paisagens, cenas urbanas e temas do dia a dia, tudo executado com paleta de tons muito luminosos e ambientes bastante coloridos. Como os próprios artistas afirmavam, uma forma de protesto contra os tons terrosos e sombrios, que dominavam a maior parte das obras de ateliês, e que inundavam o Salão Oficial. Foi por causa de uma pintura de Monet, intitulada Impressão: sol nascente, que o movimento recebeu o nome, não que eles tivessem escolhido assim, mas por um comentário pejorativo de um crítico de arte da época. À partir de então, não se falava mais além de Impressionismo, um termo que até os próprios artistas adotaram. Monet tinha uma grande influência sobre o grupo, sendo praticamente seu guia.

ALFRED SISLEY - O Sena em Bougival
Óleo sobre tela - 45 x 61 - 1876 
Museu Metropolitano de Nova York

Apesar de não possuírem uma teoria estética própria, esses artistas estudavam uma maneira diferente de pintar, segundo uma nova visão da realidade, inspirada pela sensação imediata. As variações luminosas eram o principal desejo de captação para o trabalho, e constituíam o verdadeiro tema do quadro, que requeriam quase sempre uma execução em ar livre, com o abandono dos princípios pictóricos tradicionais. Também não se obedecia regras rígidas de perspectiva ou Geometria. As formas e os volumes são sugeridos mais por pinceladas delimitadas que necessariamente pelo desenho. As teorias de Chevreul, sobre o círculo cromático e as misturas óticas são levadas à sério, fazendo confirmar na prática que o uso de cores primárias e suas complementares, quando justapostos na tela, podiam realmente produzir vibrações coloridas e mudar toda atmosfera.

ISAAC LEVITAN - Março
Óleo sobre tela - 60 x 75 - 1895 - Galeria Tretyakov, Moscou

Produzindo em épocas bem distintas, o Impressionismo francês tem seus maiores representantes em Monet, Degas, Renoir, Pisarro, Sisley, Frédéric Bazille, Boudin e Berthe Morisot. Sem esquecer jamais da enorme contribuição que fizeram Guillaumin, Caillebotte, Eva Gonzáles e Paul Cézanne, esse considerado uma das figuras principais na passagem do século XIX para o XX. Pisarro foi o único participante de todas as exposições do grupo, que aconteceram entre os anos de 1874 a 1886, somando 8 exposições no total. Mais adiante, um pouco fora do movimento, mas incondicionalmente um prolongamento dele, nomes como Seurat, Signac, Gauguin, Van Gogh e Toulouse-Lautrec encabeçam uma importante lista de artistas ditos Pós-Impressionistas.

CHILDE HASSAM - Hackney Carriage, Rue Bonaparte
Óleo sobre tela - 1888

Além das fronteiras francesas, o Impressionismo também teve ótimos representantes em diversos países. Em parte, porque vários artistas de diversas nacionalidades estudavam em Paris e invariavelmente acabavam se contaminando pelas novidades. Nos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Itália, todo o leste e norte europeus, Rússia e até no Japão e Austrália. Impossível não citar nomes como John Singer Sargent, Childe Hassam, William Merrit Chase, Mary Cassatt, Jongkind, Joaquín Sorolla, Giuseppe de Nittis, Peder Severin Kroyer, Max Liebermann, Ylia Repin e Isaac Levitan. Esses são apenas alguns nomes de uma extensa lista, que vale o esforço da pesquisa e o deleite por tão variada produção.

PEDER SEVERIN KROYER - Colhendo flores - Óleo sobre tela

Mesmo aparentemente inovador e escandalosamente moderno para a época, percebemos hoje, que o Impressionismo ainda mantinha laços estreitos com a tradição. Ainda se vestia com resquícios de conservadorismo, que só se desataram definitivamente com o Pós-Impressionismo. O volume e a solidez, tão característicos da pintura tradicional, ainda visitaram muitas composições impressionistas, mesmo desrespeitados e burlados em suas regras técnicas. Não que os impressionistas não fossem fiéis ao objeto retratado, nem conseguissem ser audaciosos o suficiente para transgredi-los, eles o retratavam às suas maneiras, e esse já havia sido um passo grande na conquista da completa liberdade. Mas esse tempero é o que une até hoje, numerosos amantes das artes, às vezes sensíveis às tradições, outras vezes, abertos às novidades.

JOAQUÍN SOROLLA - Sol da tarde, praia em Valência
Óleo sobre tela - 110 x 100 - 1910 - Coleção particular


Depois de uma das mais importantes décadas da história da arte, que se deu entre os anos de 1870 a 1880, com a divulgação e a produção de obras mestras do Impressionismo, a espontaneidade impressionista cessa sua existência. Alguns desentendimentos já desarticulam a conformidade do grupo, e a maturidade expressiva de cada artista aponta a busca de caminhos individuais. O novo século já se avistava, aberto a diversas possibilidades. Em tão pouco tempo, mudanças tão grandes e significativas, nunca mais permitiram que a Arte fosse a mesma.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

ANTÔNIO PARREIRAS

ANTONIO PARREIRAS - Vista da Pedra de Itapuca, Icaraí
Óleo sobre tela - 38,1 x 61 - 1917
Coleção Jorge Roberto Silveira, Niterói

ANTONIO PARREIRAS - Trecho de praia no litoral em São Domingos
Óleo sobre tela - 55,4 x 99,4 - 1886
Museu Nacional de Belas Artes, RJ

Antônio Parreiras iniciou sua carreira pintando paisagens. Adotou esse tema por ser um dos seguidores do alemão Johan Georg Grimm, que passou pelo Brasil no final do século XIX e implantou por aqui, por assim dizer, um gosto para a representação de nossas cenas. Para o Grupo dos Irmãos Grimm; como ficou conhecido esse movimento; a natureza fornecia uma fonte constante de estudos e precisava ser contemplada e explorada em toda sua integridade. E mesmo que a paisagem ainda fosse um tema secundário, relegado ao fundo das composições, principalmente históricas, foi com esse motivo que Parreiras montou sua primeira exposição, em 27 de maio de 1886.


ANTONIO PARREIRAS - Trecho de praia no litoral de Icaraí
Óleo sobre tela - 50,8 x 77,5 - 1890
Coleção particular, Niterói

ANTONIO PARREIRAS - Paisagem do Campo do Ipiranga
Óleo sobre tela - 100 x 147

A exposição teria sido um fracasso, não fosse um único detalhe, a visita ilustre de D. Pedro II, que fez do evento um dos grandes sucessos da época. Porém, Parreiras não se limitou a esse tema, mesmo que a exposição inicial lhe tivesse aberto um caminho favorável para comercializá-lo. Influenciado por Victor Meirelles, adotou também a pintura de cenas históricas. Sempre realizadas em grandes formatos, com a utilização de muitas figuras em suas composições e procurando sempre realçar fatos e heróis regionais.


ANTONIO PARREIRAS - A conquista do Amazonas
Óleo sobre tela - 400 x 800 - 1907 - Museu Histórico do Estado do Pará

 

Uma de suas mais bem sucedidas encomendas foi a tela A Conquista do Amazonas, feita pelo governador do Pará, Augusto Montenegro. Tendo 4 metros de altura por 8 metros de comprimento, ainda é a maior pintura do estado do Pará, localizada no Palácio Lauro Sodré. Belém era, naquela época, uma próspera cidade, por onde escoava toda a riqueza retirada dos seringais da Amazônia. Parreiras fez enorme sucesso por lá, vendendo diversos trabalhos aos novos ricos da região.


ANTONIO PARREIRAS - A morte de Virgínia
Óleo sobre tela - 1905

ANTONIO PARREIRAS - Fim de romance
Óleo sobre tela - 97 x 185 - 1912

ANTONIO PARREIRAS - Fantasia
Óleo sobre tela - 1909

Diversas literaturas nos mostram um Parreiras impetuoso, de fácil irritabilidade e muito genioso. São narradas várias desavenças suas, com artistas de sua época. Um exemplo disso foi o abandono da Academia de Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, para freqüentar um curso livre de pintura, ministrado por Georg Grimm. Não acompanhou seu mestre na viagem pelo interior do Brasil, seguindo seus estudos de forma autodidata até 1885. Só em 1888, quando viaja à Europa, é que aperfeiçoa sua técnica na Academia de Belas Artes de Veneza.


ANTÔNIO PARREIRAS - Zumbi
Óleo sobre tela

ANTONIO PARREIRAS - A sesta
Óleo sobre tela - 65,5 x 50 - 1900
Coleção Sérgio Sahone Fadel

ANTONIO PARREIRAS - Ventania
Óleo sobre tela -  150 x 100 - 1888
Pinacoteca do Estado de São Paulo

Voltando ao Brasil em 1890, tem a oportunidade de colocar em prática um grande sonho: ao se tornar professor de pinturas de paisagens na Escola Nacional de Belas Artes, leva seus alunos para pintarem ao ar livre, recordando os velhos ensinamentos de Grimm. Desavenças com aquela instituição, por causa dessa sua prática, levam-no a abandonar o cargo e lecionar por conta própria. Em Teresópolis, fez vários estudos de matas e montanhas.


ANTONIO PARREIRAS - Trecho do mar e rochedos na Praia da Boa Viagem
Óleo sobre tela - 50,3 x 35,4 - 1885
Coleção Sérgio Sahone Fadel, RJ

ANTONIO PARREIRAS - Praia em Cabo Frio
Óleo sobre tela - 40,3 x 100,3 - 1887
Coleção Sérgio Sahone Fadel

ANTONIO PARREIRAS - Trecho de mar e rochedo na Praia Vermelha
Óleo sobre tela - 65,7 x 48,6 - 1908
Coleção particular, RJ

Parreiras sempre foi muito batalhador e com uma capacidade de trabalho admirável. Tido como um dos mais bem sucedidos pintores brasileiros de sua época, viveu dignamente de seu trabalho, fazendo riqueza e vivendo em confortável situação financeira. Viajava sempre ao exterior e possuía, além do ateliê em Niterói, um outro ateliê em Paris. Lá, participou do Grande Salão por várias vezes.


ANTONIO PARREIRAS - Fundação de São Paulo
Óleo sobre tela - 1913

ANTONIO PARREIRAS - A morte do Bandeirante
Óleo sobre tela - 72,4 x 91,5 - 1911

ANTONIO PARREIRAS - Dolorida
Óleo sobre tela - 108 x 223,5 - 1909
Museu Antonio Parreiras

Era comumente requisitado para pintura de palácios de governo, sendo de destaque o teto do Salão Nobre do Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. Também dedicou à pintura de nus femininos, que lhe rendeu bastante prestígio, pela sensualidade que evocava de suas cenas. Em 1926, publicou História de um pintor contada por ele mesmo, autobiografia que lhe marcou a entrada para a Academia Fluminense de Letras.

Após sua morte, sua casa foi transformada no Museu Antonio Parreiras.


Antônio Diogo da Silva Parreiras
Nasceu em Niterói, RJ, a 20 de janeiro de 1860.
Faleceu em Niterói, RJ, a 17 de outubro de 1937.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

ALBERT BIERSTADT

ALBERT BIERSTADT - Paisagem das Montanhas Rochosas
Óleo sobre tela - 1870

ALBERT BIERSTADT - Estes Park, Colorado
Óleo sobre tela - 1869

Poderia começar a falar sobre Bierstadt de inúmeras maneiras, mas decidi por aquela mais comum a muitos artistas em início de carreira. Pela dificuldade em se colocar no mercado, encontrar uma linguagem própria do trabalho e pelas inúmeras barreiras que se erguem naturalmente, mas que não passam apenas de desafios, para aqueles que tem uma meta a seguir no mundo das artes.


ALBERT BIERSTADT - Aproximando a tempestade
Óleo sobre tela - 1869

ALBERT BIERSTADT - O Monteratsch Glacier próximo ao Vale de Pontresina
Óleo sobre tela - 96,52 x 152,4 - 1895
The Brooklyn Museum

ALBERT BIERSTADT - Westfalia
Óleo sobre tela - 109,22 x 148,59 - 1855
Coleção particular

Em 1850, quando já estava lecionando desenho e pintura em New Bedford, Massachusetts, e já havia até realizado sua primeira exposição em Boston, o jovem Bierstadt conseguiu patrocínio local para ir estudar em Düsseldorf, na Alemanha. Partiu para lá em 1853, onde encontraria com os artistas americanos que por lá já estudavam, Worthington Whittredge e Emanuel Leutze. Estes o apresentariam a Andreas Achenbach, famoso paisagista alemão e um dos professores mais procurados do país. Mas Emanuel e Worthington acharam os estudos levados por Bierstadt tão pobres, que mentiram a ele dizendo que Andreas já não lecionava mais.


ALBERT BIERSTADT - Nas montanhas
Óleo sobre tela - 1866 - Wadsworth Atheneum, Hartford

ALBERT BIERSTADT - Montanhas Rochosas, Pico de Lander
Óleo sobre tela - 186,7 x 306,7 - 1863

ALBERT BIERSTADT - Trilha do Oregon
Óleo sobre tela

Sem se dar por derrotado, Bierstadt passou vários meses no estúdio de Worthington, aprendendo com os amigos a polir sua técnica. Também saiu a campo, colhendo desenhos e esboços em ar livre, uma prática que já começava a fazer escola por toda Europa, ainda que esta fosse apenas para a captação de motivos para serem trabalhados em estúdio. Também fez viagens para a Suíça e Itália, antes que retornasse para os Estados Unidos.


ALBERT BIERSTADT - Olhando para baixo, Vale de Yosemite, Califórnia
Óleo sobre tela - 162,6 x 244,5 - Birminghan Museum of Art

ALBERT BIERSTADT - Vale do Rio Kern, Califórnia
Óleo sobre tela - 90,17 x 132,08 - 1871 - Coleção particular

ALBERT BIERSTADT - North Fork, Nebraska Platte
Óleo sobre tela - 91,4 x 146 - 1863 - Manoogian Collection

Já de volta, começou a receber merecida aclamação pelos trabalhos que produzia, e já gozava de uma certa reputação por produzir belas paisagens com inspiração européia. Mas o jovem queria algo mais, e resolveu olhar para as paisagens de seu próprio país. Começou a pintar as paisagens próximas a Newport e em 1859, começou a sua primeira jornada para o oeste, descobrindo cenários em River Platte e fazendo os primeiros contatos com nativos americanos daquela região. Mas foram os encontros com as Montanhas Rochosas e o Vale de Yosemite que despertaram nele o que seria a sua grande proposta para dali em diante: mostrar um cenário exuberante e rico, visto por pouquíssimos artistas e que rivalizava com os belos cenários dos Alpes. Tal encontro levou o artista a deixar a seguinte frase: “Nosso país tem o melhor material para qualquer artista do mundo”.


ALBERT BIERSTADT - Lago Lucerna, Suíça
Óleo sobre tela - 182,9 x 304,8 - 1858
Galeria Nacional de Arte, Washington

ALBERT BIERSTADT - Sierra Nevada
Óleo sobre tela - 97,79 x 143,55 - 1873
Reynolda House Museum of Art

ALBERT BIERSTADT - Vale Yosemite
Óleo sobre tela - 96,5 x 152,4 - 1866
Coleção de Joan e Julian Ganz Jr

De volta a Nova York, começou a produzir incansavelmente suas grandes telas baseadas na excursão que acabara de fazer. Elaborou muitas e imponentes obras, conseguindo sucesso imediato com a exposição das mesmas. Através de uma auto-promoção muito bem feita, já era um pintor bem estabelecido financeiramente, com obras atingindo a casa dos 25 mil dólares e lhe permitindo uma ascensão social vertiginosa. Em 1867, retorna à Europa, onde foi recebido com honras pela Rainha Vitória, em Londres e também em Roma. Chegou a conhecer o compositor Liszt e continuou a produzir suas obras, em estúdios que alugava por onde passava. Sempre inquieto, retorna ao oeste americano em 1871, onde é recebido como um grande artista e certa notoriedade. Ali, vende muitos de seus trabalhos para novos e ricos colecionadores que surgiam na região.


ALBERT BIERSTADT - Noite, Owens Lake, Califórnia
Óleo sobre tela - 34,29 x 48,26

ALBERT BIERSTADT - Paisagem tropical com barcos de pesca na baía
Óleo sobre tela - 46,3 x 51,4

À partir de 1870, paisagens épicas já não eram temas tão em moda, e começa o que seria um declínio natural da aceitação dos trabalhos de Bierstadt. Teve inclusive uma obra rejeitada para o Salão de Paris, em 1889. Mas continuou na sua proposta de retratar o oeste e ainda contava com fiéis admiradores de seu trabalho. Mais uma série de desgraças viriam a acompanhar seus dias: a perda da esposa, problemas financeiros gerados pela vida luxuosamente extravagante que levava, e um incêndio que destruiu sua casa, diversas pinturas e vários objetos indígenas que havia coletado em suas viagens.
Ainda encontra forças para produzir seus trabalhos e viajar novamente à Europa entre os anos de 1895 e 1897. Mas falece, já um pouco obscuro, na sua casa em Nova York, em 1902.


ALBERT BIERSTADT - Um acampamento indígena
Óleo sobre tela - 33,66 x 47,63 - 1861

ALBERT BIERSTADT - Entre montanhas da Sierra Nevada, Califórnia
Óleo sobre tela - 182,9 x 304,8 - 1868
National Museum of American Art, Washington

Hoje é visto como um dos mais influentes e importantes pintores paisagistas americanos, que soube, como ninguém, expor a grandiosidade dos cenários de seu país. Fez de “cada queda um passo de dança” e deixou para a história da arte, um dos seus mais belos legados.


Nasceu em Düsseldorf, Alemanha, em 7 de janeiro de 1830 e faleceu em Nova York, a 18 de fevereiro de 1902.