quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ESCOLA DO RIO HUDSON (José Rosário)

THOMAS COLE - Manhã ensolarada no Rio Hudson
Óleo sobre tela, 47,6 x 64,1

Interessante como os movimentos artísticos acontecem. Mais interessante ainda, a maneira como eles se formam, tomam corpo, vida e modificam o mundo a sua volta. Geralmente há na liderança deles, uma mente como leme, quase a dizer: “É por aqui que vamos!”
O primeiro grande movimento propriamente nascido em terras norte americanas, teve como criador Thomas Cole, um artista inglês que bem jovem partiu para os Estados Unidos em 1818, e se instalou em Nova York, sete anos após a sua chegada no novo continente.


JOHN FREDERICK KENSETT - Vista do Rio Hudson
Óleo sobre tela

Da Inglaterra, Cole trouxe as influências de John Constable e William Turner, esses herdaram toda a maneira e tradição das clássicas paisagens de Claude Lorrain, tido por muitos como o pai do paisagismo romântico. Um grande ponto a favor de Cole era a vasta e exótica paisagem que ainda se mantinha intacta em solos ainda tão inexplorados. Florestas nativas, rios transparentes e límpidos, cadeias de montanhas imponentes e litorais com relevos dos mais variados. Esses são seguramente os ingredientes mais que necessários como características principais para o Romantismo. É na grandiosidade das monumentais cenas paisagísticas, o alicerce desse movimento.

ALBERT BIERSTADT - Sierra Nevada I
Óleo sobre tela, 98 x 144

Muito despretensiosamente, Cole começou a pintar vistas ao longo das margens do Rio Hudson*. Essas obras iniciais tiveram uma boa aceitação perante o público e ainda conseguiram atrair a atenção de jovens artistas que se tornaram adeptos do que veio a se denominar “Escola do Rio Hudson”. Há que se deixar bem claro que não era uma escola nos moldes convencionais da palavra, formavam um grupo vagamente coeso, que vez ou outra se inspiravam nas margens imaculadas do Hudson. Eram um grupo daquela região, mas não se limitavam àquela região. Viajaram para a Europa com a intenção de visitar lugares famosos da antiguidade e também se inspirar nos velhos mestres. Alguns chegaram mesmo a se aventurar por viagens às Américas Central e do Sul. E já quase no final do século XIX, muitos se embrenharam pela conquista do oeste americano, palco de paisagens ainda mais exóticas e únicas. Muitos desses artistas integravam expedições do governo, que faziam uma espécie de levantamento topográfico das terras americanas. Nessa fase, muitos deles já quase nem encontravam mais entre si, mas traziam no estilo e nos temas, o jeito hudsoniano de pintar.

FREDERIC EDWIN CHURCH - Coração dos Andes
Óleo sobre tela, 168,2 X 302,8

Um dos trabalhos símbolos desse grande movimento é “Espíritos afins”, pintado por Asher Brown Durand, que antes de pintar era um bem sucedido gravador. Na tela, Thomas Cole é retratado ao lado de William Cullen Bryant, um poeta das paisagens norte americanas. Os dois contemplam uma vista das montanhas Catskill, região que foi a mais retratada e popularizada por esse grupo. Durand presenteou Bryant com essa tela, um ano após a morte de Cole. Uma espécie de tributo ao poeta que fez tão comovente oração no funeral de Cole.

ASHER BROWN DURAND - Espíritos afins
Óleo sobre tela, 117 x 91,5

Homenagem feita em ocasião mais que propícia, pois o fato sensibilizou enormemente Bryant, que estava na liderança de um movimento para a criação em solo americano, de um grande parque público, nos moldes dos parques europeus. Por volta de 1850, diversas outras obras de Durand, somadas à força do movimento liderado por Bryant, trouxeram comoção suficiente ao público de Nova York em prol da construção do tão desejado parque. Assim nasceu o Central Park, o primeiro grande parque americano construído na tradição anglo-chinesa de modelo, ocupando um lugar privilegiado no coração de Nova York.

WILLIAM TROST RICHARDS - Paisagem de White Mountain
Óleo sobre tela

Fatos assim deixam transparecer a grande utilidade que se esconde por trás de simples atos e como esses atos se transformam em grandes movimentos. Figuras tão importantes na História da Arte, totalmente desconhecidas por muitos da nossa geração, até mesmo por artistas.

GEORGE INNESS - Passagem de nuvens
Óleo sobre tela, 50,8 x 76,2

Ao longo de sua existência como movimento, vários outros artistas integraram a lista do grupo. Impossível não citar nomes como Albert Bierstadt, Frederic Church, John Frederick Kensett, Martin Johnson Heade, George Inness e Jasper Francis Cropsey. Todos são dignos de uma matéria especial em ocasião futura.

JASPER FRANCIS CROPSEY - Paisagem de outono ao longo do Hudson
Óleo sobre tela - 1876

À partir da segunda metade do século XIX, como aconteceu em diversas regiões do mundo, uma mudança na maneira de como representar a luz nos trabalhos, também influenciou significativamente os integrantes do grupo. Nos primeiros adeptos desse novo olhar sobre a arte, deu-se mais recentemente, o nome de “luministas”. Mais tardiamente, outros integrantes de experimentos mais ousados, ligados ainda à Escola do Rio Hudson, engrossaram a lista dos “impressionistas”. Essa sim, uma longa história para muitas outras matérias.

WOTHINGTON WHITTREDGE - Caçando corvos
Óleo sobre tela, 100 x 142

* RIO HUDSON - Nasce em Lake Tear of the Clouds, Adirondack Mountains, estado de Nova York, a 1309 metros de altitude e deságua no Oceano Atlânico, na fronteira entre os estados de Nova York e Nova Jérsei, tendo um comprimento total de 507 km. Em tempos atrás, já chegou a ter uma profundidade de 200 m, hoje devido ao progresso desenfreado e constantes assoreamentos, não tem profundidade maior que 50 m. A característica principal do rio é a sua cor bem escura.

ARTHUR PARTON - A Mountain Brook
Óleo sobre tela, 133,3 x 102,8

7 comentários:

  1. Olá mineiro artista! Muito lindo seu blog e mais do que isto artístico, cultural, de uma estética peculiar, como o trabalho de todo artista.Vou descobrindo devagar, um pouco hoje mais um pouco amanhã... Já sou seguidora
    Parabéns!;-)

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  2. Niuza, te enviei uma mensagem por e-mail há alguns dias. Obrigado pela visita e pelos comentários!

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  3. Seu trabalho é muito bom e já divulgo em meu blog nº2(http://infoprofe2010.blogspot.com)
    Passei o carnaval na fazenda, retornei só hoje.Vou ver agora meus emails.
    [ ]

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  4. José Rosário,
    você faz a diferença. Parabéns pelo seu trabalho de prestação de serviço à arte e aos artistas. Além de ser um exepcional pintor, sou seu fã. E obrigado por tbem me seguir..abraço e muito sucesso.

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  5. Olá Leonel, mesmo sem conhecer pessoalmente, considero como amigos todos aqueles que sigo e todos os meus seguidores. Obrigado pela visita e pelas palavras de apoio.
    Abraço!

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  6. gostei me ajudou muito no meu trabalho

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